Subscrevo o que afirma na segunda parte do seu artigo - Insustentáveis - publicado hoje no Público, a propósito das medidas iníquas adoptadas pelo actual Governo em matéria de pensões e das indefinições pendentes sobre o mesmo assunto. Reclama o senhor Deputado, e muitíssimo bem!, "o
direito de saber quanto ele (o ónus social) vai durar, (porque) as respostas (que obtem) são
ambíguas, incompletas ou perversas."
Senhor Deputado: Deste Governo não podem os pensionistas da Segurança Social esperar senão mais do mesmo. Alterações, se houver, só mesmo na forma. Acerca disto, não me parece que as dúvidas, se dúvidas há, sejam por este Governo esclarecidas e esbatidas as iniquidades que refere.
Mas os pensionistas e reformados, que não esperam nenhuma mudança de rumo deste Governo, esperam que o partido que o senhor Deputado representa diga aos portugueses que políticas vai adoptar, nomeadamente nesta matéria, e que medidas tomará para reparar as tropelias já cometidas, e que o senhor Deputado justamente refere.
Um distinto amigo meu, que por convicção muito arreigada tem apoiado este Governo desde a sua concepção, sempre que lhe aponto as prepotências cometidas, acumuladas com um imposto sobre uma classe, contra os reformados, responde-me que "se há alternativas elas não tardarão a aparecer, é só uma questão de esperar por um novo governo liderado pela actual Oposição". E esta sim, é uma questão que já deveria ter sido clarificada pelo PS: vai o PS alterar a política do actual Governo em matéria de segurança social, e em que sentido? Saberá o PS responder, na altura oportuna, às questões do senhor Deputado e corrigir as diatribes cometidas pelo actual Governo ou, dando razão ao meu amigo, manter os resultados do dirty job realizado já consumados?
Cumprimentos,
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"O dr. Passos Coelho deu uma entrevista para declarar falida a Segurança Social, ou, de outra forma, insustentável o
nosso sistema de pensões. Um grande contributo para a fuga futura às
contribuições. O que ele não disse nem por tal o questionaram, foi que o
atoleiro económico em que nos
meteu conduz o país a uma inexorável incapacidade de sobrevida
financeira para os seus cidadãos seniores. Claro que só na sua mente
liberal de pacotilha pode a Segurança Social estar falida. Certamente
prefere que sobre os escombros se crie um regime de pensões de tipo
chileno, sem ofensa para essa bela e próspera nação. Acabo de saber que a minha pensão “milionária” de funcionário público durante 42 anos, que ainda não comecei a receber, me será amputada em 59,3% do valor bruto. Sem o saber, e sem o esperar, transformei- me num generoso contribuinte.
Aceito naturalmente o ónus social extraordinário, só que tenho o
direito de saber quanto ele vai durar, e as respostas que obtenho são
ambíguas, incompletas ou perversas. Gostaria
de saber se os pensionistas do Banco de Portugal, os magistrados e
juízes jubilados e os diplomatas na reforma também são contribuintes
extraordinários de solidariedade. E, já agora, pedia que me explicassem a razão pela qual a solidariedade, entre nós, apenas é exigida aos pensionistas.
Claro que tenho que declarar conflito de interesses nesta matéria, mas
bem gostaria de que a razão para tal conflito não existisse. "
António Correia de Campos, Deputado do PS ao Parlamento Europeu - in Público de hoje
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