A divulgação de alguns resultados de estudo de opinião pública realizado sete meses depois de 25 de Abril de 1974 só terá algum interesse como retrato sociológico meio sumido pelo tempo de uma sociedade há pouco tempo abanada por uma revolta militar que viria a espoletar mudanças políticas, sociais, económicas, profundas nos 12 meses seguintes.
Na impossibilidade de dar a conhecer aqui o conjunto, podendo no entanto ceder para consulta e para fins pertinentes o relatório resumo (489 páginas dactilografadas) transcrevo algumas das conclusões:
" O primeiro ponto importante a referir ... é a existência de uma elevada percentagem de pessoas que não emitiram opinião sobre a quase generalidade dos assuntos focados" "É no campo político que a ausência de respostas mais se faz sentir..."
" A maior liberdade surge como a mudança mais importante verificada em Portugal, seguindo-se, mas a um nível bastante inferior, a mudança de governo, o fim da guerra do Ultramar ..."
"Metade da população desconhece quem fez o 25 de Abril; por outro lado, o Movimento das Forças Armadas aparece como o seu principal originador na opinião da outra metade, seguindo-se Spínola e Otelo Saraiva de Carvalho, mas colocados em planos nitidamente inferiores"
" As opiniões (sobre uma série de factos considerados resultantes da mudança) são geralmente consideradas positivamente salvo no que respeita à possibilidade do divórcio, que obtem apenas uma pequena maioria de opiniões favoráveis, e ainda no que se refere às greves e à possibilidade de Portugal se tornar um país comunista, onde as opiniões negativas superam as positivas"
"A maioria da população maior de 18 anos admite que o país está numa crise económica, acentuando-se esta convicção nos grupos mais evoluídos"
"As opiniões susceptíveis de localizar a origem desta crise, antes ou depois do 25 de Abril, são contraditórias. Com efeito apenas um por cento mencionam a crise económica como (origem de) mudança mais importante e inversamente uma maioria pensa que o regime anterior deixou o país de rastos" "Por outro lado, o aumento de salários, que poucos referiram como mudança mais importante, e que a maioria encara favoravelmente como um dos resultados da revolução, é também considerado pela maioria como a causa de muito desemprego e do encerramento de muitas empresas; para cerca de metade da população, o povo ficou pior porque os preços aumentaram mais que os salários, e para cerca de um quarto os países estrangeiros não estão a dar-nos auxílio"
"Para cerca de metade da população Portugal deveria manter-se no Ultramar se fosse posível acaba com a guerra ... e que para cerca de um terço "saímos de lá nós para utros lhe deitarem o dente ... havendo outro terço para quem a independência só devia ser dada depois do povo ter sido ouvido"
"A opinião da maior parte da população sobre o modo de governar (do Governo de então) é positiva, apenas uma miniria considera que governa mal. Comparativamente com o governo de Marcelo Caetano também o actual governo é apreciado favoravelmente pela maior parte já que as pessoas que consideram que governa da mesma forma ou governa pior são uma minoria. Aresença de militares no governo é também encarada favoravelmente"
"A maioria refere como resultados positivos do 25 de Abril a libertação dos presos políticos e a prisão dos agentes da PIDE. Metade da opulção não se manifestou quanto ao país junto do qual poderemos agora obter maior auxílio e os que exprimem opinião referem com mais fequência os países da Europa, seguindo-se os americanos e depois os russos"
"Surge destacadamente como primeira figura política nacional Costa Gomes (que cerca de 20% preferem para Presidente da Republica), seguindo-se Mário Soares (preferido por 5%), Vasco Gonçalves e Spínola. Depois, com menor importância e muito próximos uns dos outros, Sá Carneiro, Álvaro Cunhal e Otelo Saraiva de Carvalho. Mais abaixo, Pereira de Moura, Saldanha Sanches e Freitas do Amaral. Por ultimo, Marcelo Caetano e Américo Tomáz."
"A percentagem de favoritismo pelos vários partidos traduziu-se por:
PS - 23%
PPD - 17%
PCP - 6%
MFA - 3%
MDP/CDE - 1%
CDS - 1%
Na impossibilidade de dar a conhecer aqui o conjunto, podendo no entanto ceder para consulta e para fins pertinentes o relatório resumo (489 páginas dactilografadas) transcrevo algumas das conclusões:
" O primeiro ponto importante a referir ... é a existência de uma elevada percentagem de pessoas que não emitiram opinião sobre a quase generalidade dos assuntos focados" "É no campo político que a ausência de respostas mais se faz sentir..."
" A maior liberdade surge como a mudança mais importante verificada em Portugal, seguindo-se, mas a um nível bastante inferior, a mudança de governo, o fim da guerra do Ultramar ..."
"Metade da população desconhece quem fez o 25 de Abril; por outro lado, o Movimento das Forças Armadas aparece como o seu principal originador na opinião da outra metade, seguindo-se Spínola e Otelo Saraiva de Carvalho, mas colocados em planos nitidamente inferiores"
" As opiniões (sobre uma série de factos considerados resultantes da mudança) são geralmente consideradas positivamente salvo no que respeita à possibilidade do divórcio, que obtem apenas uma pequena maioria de opiniões favoráveis, e ainda no que se refere às greves e à possibilidade de Portugal se tornar um país comunista, onde as opiniões negativas superam as positivas"
"A maioria da população maior de 18 anos admite que o país está numa crise económica, acentuando-se esta convicção nos grupos mais evoluídos"
"As opiniões susceptíveis de localizar a origem desta crise, antes ou depois do 25 de Abril, são contraditórias. Com efeito apenas um por cento mencionam a crise económica como (origem de) mudança mais importante e inversamente uma maioria pensa que o regime anterior deixou o país de rastos" "Por outro lado, o aumento de salários, que poucos referiram como mudança mais importante, e que a maioria encara favoravelmente como um dos resultados da revolução, é também considerado pela maioria como a causa de muito desemprego e do encerramento de muitas empresas; para cerca de metade da população, o povo ficou pior porque os preços aumentaram mais que os salários, e para cerca de um quarto os países estrangeiros não estão a dar-nos auxílio"
"Para cerca de metade da população Portugal deveria manter-se no Ultramar se fosse posível acaba com a guerra ... e que para cerca de um terço "saímos de lá nós para utros lhe deitarem o dente ... havendo outro terço para quem a independência só devia ser dada depois do povo ter sido ouvido"
"A opinião da maior parte da população sobre o modo de governar (do Governo de então) é positiva, apenas uma miniria considera que governa mal. Comparativamente com o governo de Marcelo Caetano também o actual governo é apreciado favoravelmente pela maior parte já que as pessoas que consideram que governa da mesma forma ou governa pior são uma minoria. Aresença de militares no governo é também encarada favoravelmente"
"A maioria refere como resultados positivos do 25 de Abril a libertação dos presos políticos e a prisão dos agentes da PIDE. Metade da opulção não se manifestou quanto ao país junto do qual poderemos agora obter maior auxílio e os que exprimem opinião referem com mais fequência os países da Europa, seguindo-se os americanos e depois os russos"
"Surge destacadamente como primeira figura política nacional Costa Gomes (que cerca de 20% preferem para Presidente da Republica), seguindo-se Mário Soares (preferido por 5%), Vasco Gonçalves e Spínola. Depois, com menor importância e muito próximos uns dos outros, Sá Carneiro, Álvaro Cunhal e Otelo Saraiva de Carvalho. Mais abaixo, Pereira de Moura, Saldanha Sanches e Freitas do Amaral. Por ultimo, Marcelo Caetano e Américo Tomáz."
"A percentagem de favoritismo pelos vários partidos traduziu-se por:
PS - 23%
PPD - 17%
PCP - 6%
MFA - 3%
MDP/CDE - 1%
CDS - 1%
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*Conduzido pela CEAD - Centro de Estudos de Administração e Desenvolvimento, foi realizado um "Estudo de Opinião Pública" em Dezembro de 1974. O trabalho de campo decorreu entre 5 e 31 de Dezembro de 1974, envolveu entrevistas pessoais directas de 6629 indivíduos seleccionados aleatoriamente, dentre o conjunto de todos os indivíduos de nacionalidade portuguesa, residentes em Portugal Continental, de ambos os sexos e com idade superior a 18 anos.
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