"Primeiro, Vladimir Putin atacou a Geórgia, mas o mundo perdoou-o, porque a Rússia é demasiado importante para ser excluída. Depois devorou a Crimeia, mas o mundo aceitou porque a Crimeia nunca deveria ter deixado de ser russa. Agora infiltrou-se no leste Ucrânia, mas o mundo hesita porque infiltração não é propriamente uma invasão. Mas se o Ocidente não enfrentar Putin dentro em breve tê-lo-á às suas portas"
É este o começo de um artigo publicado aqui no Economist desta semana, e o poema de Maiakovski, tantas vezes glosado pelo verso e pela realidade, é desta vez recordado a propósito das intenções de Putin de reagrupamento da União Soviética com outro nome.
Prisioneira da sua pusilanimidade estrutural, dos seus interesses privativos, do seu egoísmo radicado numa fragmentação cultural que não encontra pontos de apoio convergentes, duma dependência energética sem solução a curto prazo, duma fragilidade defensiva perante um adversário economicamente realtivamente débil mas militarmente forte e determinado, a União Europeia assiste à progressão insaciável do actual czar da Rússias de braços atados cruzados.
Enquanto teclo este apontamento ouço o secretário-geral da Nato anunciar a mobilização de arsenal terrestre, aéreo e naval para locais ao alcance de tiro, que é a pior das soluções. Ao municiar movimentos descaradamente nacionalistas em Kiev, o Ocidente abriu o jarro de Pandora repleto de ressentimentos antigos naquela zona da Europa.
E, neste caso, nem um inimigo externo suscita mais coesão interna.
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