Há dias foi notícia a venda em leilão a um comprador incógnito de um dos trípticos de Francis Bacon (Three Studies of Lucien Freud) pela espantosa soma de 142 milhões de dólares, qualquer coisa como 106 milhões de euros. Comentei aqui acolhendo uma das hipóteses que li algures de ter sido o quadro adquirido por um mafioso multimilionário com o objectivo de branqueamento de capitais. O mercado da arte é uma das vias conhecidas para aqueles propósitos, a hipótese era verosímil.
Hoje soube-se que o tríptico de Francis Bacon foi adquirido - vd. aqui, cit. aqui - pela Sheikha Al-Mayassa_bint_Hamad_bin_Khalifa_Al Thani, do Qatar, geralmente considerada como a pessoa mais importante no mundo da arte. Ao que parece, a senhora, de 33 anos, anda numa roda viva com propósito de tornar o Qatar um centro cultural de nível mundial, mandando arrematar sem ter que olhar aos meios, que são incontáveis, o que de melhor aparece nos leilões internacionais. Tenho as maiores dúvidas que aos fanáticos da bola interesse o tríptico de Bacon ou outra obra de arte qualquer, salvo a arte dos artistas da bola, mas ela lá terá as suas respeitáveis razões.
Menos respeitáveis, porque repugnantes, são as condições a que o regime de sua Sheikha condena os trabalhadores imigrantes, sobretudo asiáticos, contratados (?) para trabalhar na construção dos estádios com que o Qatar quer embasbacar o mundo em 2022. Vd. aqui e aqui: " A Amnistia Internacional publicou um relatório de 169 páginas sobre os imigrantes que trabalham no Catar nas obras para o Mundial2022, em que alerta que são tratados como "escravos" e "animais". Intitulado "O lado negro da imigração no Catar", o documento revela que os trabalhadores, grande parte de nacionalidade nepalesa, vivem em condições desumanas, não têm todos acesso a água corrente e são muitas vezes impedidos de receber salário e ter acesso ao seu passaporte, naquilo que classifica de "forma moderna de escravatura".
A denúncia desta situação abominável, observada num país que detém por obra e graça da natureza, o maior PIB per capita do mundo, já tinha sido feita há alguns meses atrás, e, segundo as notícias, o governo do Sheik teria dito ao senhor Blatter, presidente da FIFA, que as leis do trabalho estavam a ser melhoradas. O senhor Blatter ouviu e assobiou para o ar. Os imigrantes continuam escravos de um regime que tem recursos de sobra para a ostentação e nenhuns para garantir a dignidade humana dos que lhes constroem as obras faraónicas.
Resumindo: O dinheiro com que a senhora Sheikha compra as obras de arte com que recheia os museus destes novos ricos não foi branqueado mas confirma que estes reinos do petróleo são sujos e não se limpam nem com Bacon.
Hoje soube-se que o tríptico de Francis Bacon foi adquirido - vd. aqui, cit. aqui - pela Sheikha Al-Mayassa_bint_Hamad_bin_Khalifa_Al Thani, do Qatar, geralmente considerada como a pessoa mais importante no mundo da arte. Ao que parece, a senhora, de 33 anos, anda numa roda viva com propósito de tornar o Qatar um centro cultural de nível mundial, mandando arrematar sem ter que olhar aos meios, que são incontáveis, o que de melhor aparece nos leilões internacionais. Tenho as maiores dúvidas que aos fanáticos da bola interesse o tríptico de Bacon ou outra obra de arte qualquer, salvo a arte dos artistas da bola, mas ela lá terá as suas respeitáveis razões.
Menos respeitáveis, porque repugnantes, são as condições a que o regime de sua Sheikha condena os trabalhadores imigrantes, sobretudo asiáticos, contratados (?) para trabalhar na construção dos estádios com que o Qatar quer embasbacar o mundo em 2022. Vd. aqui e aqui: " A Amnistia Internacional publicou um relatório de 169 páginas sobre os imigrantes que trabalham no Catar nas obras para o Mundial2022, em que alerta que são tratados como "escravos" e "animais". Intitulado "O lado negro da imigração no Catar", o documento revela que os trabalhadores, grande parte de nacionalidade nepalesa, vivem em condições desumanas, não têm todos acesso a água corrente e são muitas vezes impedidos de receber salário e ter acesso ao seu passaporte, naquilo que classifica de "forma moderna de escravatura".
A denúncia desta situação abominável, observada num país que detém por obra e graça da natureza, o maior PIB per capita do mundo, já tinha sido feita há alguns meses atrás, e, segundo as notícias, o governo do Sheik teria dito ao senhor Blatter, presidente da FIFA, que as leis do trabalho estavam a ser melhoradas. O senhor Blatter ouviu e assobiou para o ar. Os imigrantes continuam escravos de um regime que tem recursos de sobra para a ostentação e nenhuns para garantir a dignidade humana dos que lhes constroem as obras faraónicas.
Resumindo: O dinheiro com que a senhora Sheikha compra as obras de arte com que recheia os museus destes novos ricos não foi branqueado mas confirma que estes reinos do petróleo são sujos e não se limpam nem com Bacon.
1 comment:
Condescendência e subserviência ao poder económico! Há quem admire e "respeite", os que "a pulso" subiram na vida...
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