"Não são os portugueses que têm vocação de emigrantes, são os governos de Portugal que lha servem vezes demais como hipótese." - aqui,
a propósito desta reportagem do Financial Times.
Admitamos que sim, que os governos, este e os outros, são culpados.
De qualquer modo parece que não se clarifica a questão indo por aí porque, considerando o passado recente e remoto, um bom governo é difícil de encontrar...
O que é evidente é que se produzem hoje em Portugal "cérebros" a mais e economia a menos. E também parece evidente que uma sobreprodução de "cérebros" pouca ou nenhuma influência positiva determina, só por si, no crescimento económico. Porquê? Porque, como em tudo o que cresce, o ambiente equilibrado, aquele onde todos os factores se conjugam da forma mais ajustada, é um requisito fundamental para o crescimento económico. E em Portugal este requisito, por razões múltiplas e antigas, não existe de modo competitivo, isto é, que possa confrontar-se, por enquanto, com aqueles para onde os nossos "cérebros" (uma expressão pretenciosa que denuncia uma caractarística do nosso ambiente) emigram.
Ouve-se com frequência que "esta geração é a melhor preparada de sempre" mas é um equívoco. É melhor preparada que as gerações portuguesas anteriores (com as quais não está em concorrência) mas não é a melhor preparada, longe disso, quando comparada com as juventudes de países concorrentes, que são, praticamente, todas. Hoje, nestas coisas, já não se jogam os títulos nos regionais mas nos mundiais.
Não se iludam: a produtividade científica em Portugal, quaisquer que sejam os critérios de medida, é comparativamente baixa apesar da evolução muito positiva observada nas últimas duas décadas.
E a discussão acerca das consequências da emigração para o território do emigrante é peregrina: a redução de potencial humano em Elvas tanto se observa no caso de um elvense (licenciado, mestrado, doutorado ou simplesmente capaz de trabalhar) emigrar para Paris como para Lisboa. A questão não é essa. A questão é outra: No dia em que houver factores de atracção em Elvas, o elvense voltará. Ele ou outro.
O problema está em saber suscitar o crescimento económico. Uma questão que passa por muitos vectores, um dos quais é a exigência. Um requisito que não parece quadrar muito bem com a nossa idiossincrasia colectiva.
a propósito desta reportagem do Financial Times.
Admitamos que sim, que os governos, este e os outros, são culpados.
De qualquer modo parece que não se clarifica a questão indo por aí porque, considerando o passado recente e remoto, um bom governo é difícil de encontrar...
O que é evidente é que se produzem hoje em Portugal "cérebros" a mais e economia a menos. E também parece evidente que uma sobreprodução de "cérebros" pouca ou nenhuma influência positiva determina, só por si, no crescimento económico. Porquê? Porque, como em tudo o que cresce, o ambiente equilibrado, aquele onde todos os factores se conjugam da forma mais ajustada, é um requisito fundamental para o crescimento económico. E em Portugal este requisito, por razões múltiplas e antigas, não existe de modo competitivo, isto é, que possa confrontar-se, por enquanto, com aqueles para onde os nossos "cérebros" (uma expressão pretenciosa que denuncia uma caractarística do nosso ambiente) emigram.
Ouve-se com frequência que "esta geração é a melhor preparada de sempre" mas é um equívoco. É melhor preparada que as gerações portuguesas anteriores (com as quais não está em concorrência) mas não é a melhor preparada, longe disso, quando comparada com as juventudes de países concorrentes, que são, praticamente, todas. Hoje, nestas coisas, já não se jogam os títulos nos regionais mas nos mundiais.
Não se iludam: a produtividade científica em Portugal, quaisquer que sejam os critérios de medida, é comparativamente baixa apesar da evolução muito positiva observada nas últimas duas décadas.
E a discussão acerca das consequências da emigração para o território do emigrante é peregrina: a redução de potencial humano em Elvas tanto se observa no caso de um elvense (licenciado, mestrado, doutorado ou simplesmente capaz de trabalhar) emigrar para Paris como para Lisboa. A questão não é essa. A questão é outra: No dia em que houver factores de atracção em Elvas, o elvense voltará. Ele ou outro.
O problema está em saber suscitar o crescimento económico. Uma questão que passa por muitos vectores, um dos quais é a exigência. Um requisito que não parece quadrar muito bem com a nossa idiossincrasia colectiva.
2 comments:
Um aspecto que não vejo abordado é do custo de prepararmos gerações de trabalhadores para outras economias. No caso portugues em que não pagamos custos de formação total será como estarmos a preparar os jovens todos da nossa rua mas só um vai ganhar para a nossa economia domestica. O mundo é global e não é facil fazer o deve e haver,mas quem suportou as centenas de investigadores foram os nossos recursos e oslucros quando os houver vão ?
A sua observação é muito pertinente e subscreve o alarme que o post do rerum natura, entre muitos outros, vêm referindo.
Mas contra a vaga de emigração, mais qualificada ou menos qualificada, a única solução é suscitar condições para o crescimento económico.
Sem crescimento económico não haverá empregos nem para doutorados, nem para licenciados nem para quem não quis ou não teve oportunidade para tirar um curso superior.
As qualificações pessoais são determinantes para a obtenção de níveis de rendimentos elevados.
Nem sempre se obtêm nas Universidades mas, regra geral, passam por aí. Mas não são condição suficiente para o crescimento económico e, consequentemente, para o aumento de emprego.
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