Carlos Pinto Coelho moderou uma tertúlia no Casino da Figueira para a abordagem do desperdício das competências reformadas: TÊM MAIS DE 65 ANOS. Foram dos melhores profissionais do País. Engenheiros, economistas, técnicos, juristas, jornalistas, arquitectos, almirantes ou médicos. Agora passam os dias em casa, inactivos. Sem problemas financeiros. Mas não têm onde aplicar a sua experiência e sabedoria. Portugal está a desperdiçar uma parte considerável dos seus cidadãos "topo de gama" .
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Fui até lá para ver se a lei da oferta e da procura poderia ser revogada. Afinal continua firme e para durar. Com a oferta de trabalho a superar a procura acontece o inevitável: os preços baixam para o mesmo nível de qualidade. Nos restritos segmentos de postos de trabalho altamente qualificados ou de gestão superior, a competitividade entre os candidatos atinge os níveis mais elevados porque o número daqueles que chegam aos vestíbulos de entrada supera a procura gerada pelo crescimento económico. É, portanto, muito normal que não sobrem lugares vagos para aqueles que, entretanto, se reformaram.
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Considero que se trata de uma situação que pode apoquentar alguns séniores mas não creio que possa ser ultrapassada, ainda que fosse, naqueles casos, socialmente desejável. O voluntariado pode ser uma saída mas o mercado do trabalho não.
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Dos intervenientes no debate, que Carlos Pinto Coelho não alargou à plateia, a intervenção de Vieira da Silva foi, sem dúvida alguma, a mais objectiva (até por ter sido quantificada com alguns números reveladoras da situação em Portugal e na generalidade dos países europeus); Adriano Moreira, com quem o ministro entrou em breve desacordo, colocou a sua intervenção ao nível do "wishfull thinking" num registo popularmente correcto, referindo Winston Churchill e Adenauer como exemplo de duas personalidades que mudaram a história do mundo quando já tinham ultrapassado a idade da reforma.
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Ora acerca da bondade da utilização das competências, quaisquer que sejam as suas idades, ninguém discorda; o que expulsa os mais velhos da vida activa é a inelutável falta de trabalho* para todos. Que pode alterar-se no futuro, apesar da tendência não apontar nesse sentido.
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Além de que muitos reformados não estarão muito interessados em alienar o seu tempo voltando atrás no tempo.
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O resto é conversa de velhos.
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* Entendo por "trabalho" o trabalho por conta de outrem. Na realidade o trabalho por conta própria está totalmente fora das preocupações da tertúlia uma vez que nada impede ninguém de utilizar o seu tempo de reformado com actividades por conta própria ou de voluntariado.
2 comments:
Pois, pois...
Quando quiserem já é tarde, já não há.
António,boa noite!
Obrigado pelo comentário.
Acabei agora mesmo de comentar no post anterior.
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