Thursday, September 18, 2008

A CRÍTICA E O MISTÉRIO DA AGRICULTURA

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Caro J.,
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Teve o meu Amigo a gentileza de responder com algum detalhe ao comentário que coloquei ontem. Para não transcrever aqui o que está no seu post anterior, resumo que o Caro J. acha que ao cidadão comum não compete apresentar sugestões, assiste-lhe o direito de criticar.
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Não concordo.
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O direito à crítica é um direito de cidadania e um dos referenciais de uma sociedade democrática. Acontece que não há direitos sem obrigações. Pelo menos ao nível da responsabilidade que impende sobre a consciência cívica. Repare Caro J., que V. só pode criticar aquilo relativamente ao qual tem, ou estabelece, uma referência. Dito de outro modo, só é possível, honestamente, dizer que uma coisa está mal se quem diz souber, ou pensar que sabe, como a mesma coisa estaria bem, ou, pelo menos, melhor. E também deve quem critica ter uma ideia, pelo menos aproximada, da forma como pensa que possa ser percorrida a distância que vai da situação má para a situação boa.
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A vivência democrática é isso mesmo: a discussão pública dos problemas e das soluções. Claro que não temos todos os dados que os governantes dispõem, ou é suposto disporem, mas a discussão para além da crítica irresponsável, porque daí não passa, obrigará a uma cada vez maior transparência entre a sociedade e os governantes. Podemos errar? Erraremos certamente muitas vezes nos nossos pressupostos. Mas se ao errar provocarmos o esclarecimento, ficaremos mais habilitados para a próxima.
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Aliás, V. hoje até arrisca na parte final uma sugestão:"Se os industriais têm que pagar para produzir CO2 porque razão os que asseguram a continuação da floresta que elimina esse CO2 nada recebem?"É uma sugestão pertinente, do meu ponto de vista. Será exequível?

A agricultura na Suíça faz daquele país um jardim por toda a parte. Mas custa cerca de 90% dos custos totais de produção ao Estado. Que é rico. Neste, como em muitos casos, o problema são as opções, ou as prioridades, conforme lhes queira chamar.
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Por mim voto na protecção a uma agricultura moderna, ecológica quanto possível, dimensionada de forma a garantir níveis de produtividade e qualidade minimamente competitivas.Mas (há sempre um mas) para que esse objectivo fosse alcançado o ministério da agricultura deveria sofrer uma remodelação completa.
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V. é filho de pescador. Eu sou filho de agricultor. Alguma vez alguém do ministério apareceu por lá a promover a habilitação dos pescadores? Nos meus sítios nunca os vi, e continuo a não ver nenhum. Ora isto precisa de ser dito: Ponha lá V. o ministro que puser, se ele não varrer o ministério de alto a baixo nunca mais terá a casa limpa.E nós continuaremos a não perceber para que serve o ministério da agricultura.
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Além de negociar com Bruxelas, claro.

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