São as expectativas que comandam os comportamentos humanos.
São as suas presunções ou os seus receios relativamente ao dia de amanhã que levam as pessoas a escolher caminhos hoje. O homem, enquanto agente económico, decide em função das suas expectativas; em todas as suas dimensões sociológicas os seus comportamentos em cada momento tendem a adaptar-se ou a condicionar os acontecimentos futuros que imediata ou imediatamente o afectam ou podem vir afectar.
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A conformidade dos seus comportamentos com as leis que regulam as relações dos indivíduos em sociedade é julgada, em caso de transgressão, pelo poder judicial. Este julgamento, que é garantia da vivência em sociedade, gera a expectativa de sancionamento em caso de incumprimento e refreia-o.
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Quando a justiça não se realiza, porque se demite ou se enreda em processos sem fim, a expectativa do acontecimento dá lugar à expectativa do não acontecimento: os lesados resignam-se, os transgressores tomam o freio nos dentes, a confiança desmorona-se.
A expectativa do não acontecimento é o factor mais corrosivo da trave mestra do edifício democrático.
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Bombardeado diariamente com notícias de polícias a perseguir muitos transgressores, de colarinho branco ou de outra cor qualquer, a expectativa generalizada é de que apenas são sancionados alguns, geralmente os mais pobres.
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Relatório internacional divulgado hoje dá conta de pior posicionamento de Portugal (queda de três lugares relativamente ao ano passado) no ranking da corrupção. Porquê? Pois muito claramente poque nada acontece.
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