Deixo aqui o comentário que coloquei no blog de Pedro Lains, que v. refere,
Não me parece que a CGD seja um bom exemplo para confrontar-se com Fannie Mae e a Freddie Mac.
O derrube das financeiras norte-americanas estava anunciado desde 2003 quando os CEO´s de ambas foram despedidos mas continuaram ainda que formalmente subordinados a novos CEO´s. A crise das subprime veio derrubar o que já estava em estado periclitante.
Tudo aconteceu por uma conjugação de interesses a que não foram alheios ambos os partidos: republicano e democrata. Nada, portanto, que não pudesse acontecer se Fannie Mae e a Freddie Mac fossem empresas estatais. Não sendo, encostaram-se ao Estado; se fossem, já estavam encostadas.
A questão não está no encosto mas nas razões do trambolhão.
O desmoronamento acontece porque o laxismo na apreciação dos processos de concessão de crédito remunerava bastante bem os agentes de avaliação e os que lhes davam cobertura.
Em Portugal, o reforço das garantias reais, sobre os imóveis financiados, por garantias pessoais, tem amarrado os tomadores dos empréstimos e segurado muitos contratos. Mas esta amarração tem os seus limites e o aumento das taxas de juro, a inflação e o desemprego podem rebentar o dique frágil.
A Caixa Geral de Depósitos não se tem distinguido dos outros bancos portugueses na forma como se comporta em matéria de concessão de crédito para habitação. Poderia, e deveria, ser diferente, mas não é.
As avaliações feitas pelos bancos, CGD incluída, levaram durante muito tempo a sobreavaliações com o intuito de ganhar quota de mercado. Este despique foi muito notório nas campanhas de publicidade. Sentindo-se escoradas pelas garantias pessoais (que em muitos casos degeneraram em casos pessoais dramáticos) descuraram as avaliações correctas dos prédios, embarcando frequentemente os tomadores de empréstimos em valores que não tinham a ver com os prédios em si mas com a compra fictícia de mobiliário, por exemplo, de modo a contornar a obrigatoriedade de entrada mínima.
De tudo resultou uma promoção artificial da procura e o aumento dos preços num mercado com stocks crescentes.
Que fez a CGD? O mesmo.
Até fez o mesmo na questão dos arredondamentos, obrigando o Estado a intervir quando poderia (e deveria a Caixa)promover a diferença.
A única diferença da CGD é contar com uma multidão de depositantes pacíficos e outros coagidos.
No comments:
Post a Comment