Thursday, September 25, 2008

QUEM TRAMOU O ZÉ COMUNA



No mesmo dia em que George W. Bush pede ao Congresso que aprove a sua proposta de intervenção nos mercados financeiros, mobilizando para essa intervenção setecentos mil milhões de dólares, o PCP divulga no "Avante" as teses a apresentar ao XVIII Congresso do partido, sendo a mais saliente, ainda que nada original, a imputação da derrota do socialismo na URSS à "traição de altos responsáveis do partido e do Estado".
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Para além da ocasional coincidência temporal dos dois comunicados, há uma coincidência significativa: Em ambos os casos a responsabilidade dos desastres não pode senão imputar-se à ganância de quem os provocou. Mas há também uma enorme diferença: com maiores ou menores custos, o sistema que fundamentalmente assenta na livre iniciativa e na economia de mercado, sobreviverá; o socialismo experimentado na URSS implodiu irremediavelmente.
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É na discussão de quem deve suportar os custos decorrentes da intervenção proposta por Bush que poderá atear-se o confronto entre republicanos e democratas em vésperas de eleições presidenciais num assunto que, quanto aos seus propósitos, não parece permitir divergências. Em última instância, será a próxima administração a gerir a responsabilização daqueles que provocaram a crise que ameaça a economia norte-americana e, por repercussão inevitável, a economia mundial.
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Aqueles que trairam o "socialismo" sairam pela esquerda baixa deixando o Zé Comuna perdido no meio dos escombros.
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PCP fala em “traição de dirigentes” na derrota da URSS
São José Almeida

A “traição de altos responsáveis do partido e do Estado” é um dos motivos apontados para a “derrota” do socialismo na União Soviética de acordo com as Teses ao XVIII Congresso do PCP que hoje são divulgadas com o jornal partidário “Avante!”.Em fase de discussão, para posterior aprovação pelo congresso, e susceptíveis de sofrer alterações, as Teses afirmam a necessidade e a certeza de que o futuro passa pelo socialismo e pelo comunismo. É nesse âmbito que é abordada a análise do que se passou nas décadas de 80 e 90 na União Soviética e nos países de Leste, que levou ao que a direcção do PCP caracteriza como “derrota” do socialismo.Assim, no ponto O socialismo, alternativa necessária e possível pode ler-se, na página 15: “Perante os complexos problemas que se manifestaram na construção do socialismo na URSS, assim como noutros países do Leste da Europa, o PCP expressou compreensão e solidariedade para com os esforços e orientações que proclamavam visar a sua superação, alertando simultaneamente para o desenvolvimento de forças anti-socialistas e para a escalada de ingerências imperialistas, confiando em que existiam forças capazes de defender o poder e as conquistas dos trabalhadores e promover a necessária renovação socialista da sociedade. Mas certas medidas tomadas agravaram os problemas ao ponto de provocar uma crise geral. O abandono de posições de classe e de uma estreita ligação com os trabalhadores, a claudicação diante das pressões e chantagens do imperialismo, a penetração em profundidade da ideologia social-democrata, a rejeição do heróico património histórico dos comunistas, a traição de altos responsáveis do partido e do Estado, desorientaram e desarmaram os comunistas e as massas para a defesa do socialismo, possibilitando o rápido desenvolvimento e triunfo da contra-revolução com a reconstituição do capitalismo”.Considerando “a caminhada da humanidade para o socialismo e o comunismo sofreu profundos reveses no findar do século com a destruição da URSS e as derrotas do socialismo no Leste da Europa”, a direcção do PCP garante que o que foi derrotado não foram os ideais e o projecto comunistas, mas um 'modelo' historicamente configurado, que se afastou, e entrou mesmo em contradição com características fundamentais de uma sociedade socialista”.Refira-se que, na análise da situação internacional, as Teses dizem que “importante realidade do quadro internacional, nomeadamente pelo seu papel de resistência à 'nova ordem' imperialista, são os países que definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista - Cuba, China, Vietname, Laos e RDP da Coreia”.E sublinham que entre os partidos comunistas “continuam a desenvolver-se tendências revisionistas e reformistas envolvendo processos de degenerescência, autoliquidação e diluição em frentismos de 'esquerda', com o abandono das referências ideológicas e objectivos revolucionários que definem os comunistas como corrente revolucionária”.Garantido que “o Partido da Esquerda Europeia, que o PCP não integrou pela sua lógica supranacional e natureza ideológica, não só se confirmou como uma falsa resposta ao reconhecidamente do necessário reforço da cooperação das forças de esquerda anticapitalistas na Europa, como introduziu factores de divisão, afastamento e preconceito, que se manifestaram nomeadamente no Grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica no Parlamento Europeu.”
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