Friday, March 09, 2007

ATLÂNTICO

A Cimeira da Primavera da EU em Bruxelas foi dominada pelo acordo alcançado hoje quanto às medidas de protecção ao meio ambiente, preconizadas num plano de acção de combate às alterações climáticas.

Leio esta notícia no Público e no Jornal de Negócios e não posso deixar de a relacionar com o principal assunto da revista norte-americana The Atlantic do mês de Abril de 2007 (sai adiantada no calendário) e da sua homónima (só isso) portuguesa Atlântico.

Os "atlânticos" e seus admiradores, de entre os quais se destacam os blasfemos (vd, p.e., o seu "post" de hoje "Global warming, so good for me"), dão as mãos por muitas causas da direita extrema (um direito que a democracia lhes garante), e elegeram como um dos seus campos de batalha a denúncia daquilo que parecem considerar uma "bovinidade" generalizada: os "pseudo-malefícios" (no entender deles, obviamente) das alterações climáticas.

De um e de outro lado do Atlântico (Oceano), porém, são cada vez menos aqueles que vêm nas preocupações ambientais decorrentes do aquecimento global uma caturrice de uns quantos rapazes de mentalidade complicada; as causas do ambiente começam a ser abraçadas por quase todo o espectro político, fazendo cada vez mais parte do conjunto das causas sem fronteiras ideológicas.

Desconheço as razões pelas quais os clarividentes "atlânticos" escolheram um nome e um logotipo tão aproximado para a sua bandeira quando as causas por que se batem ficam, em muitos casos, no lado oposto. É certo que tanto os "atlânticos" como os seus companheiros se reclamam liberais, e talvez tenha sido essa designação a razão da confusão de sentimentos que animam a The Atlantic, por um lado, e a Atlântico, pelo outro.

Transcrevo da "The Atlantic":

" Climate change in the next century (and beyond) could be enormously disruptive, spreading disease and sparking wars. It could also be a windfall for some people, businesses and nations. "

O artigo oferece-nos uma síntese das diferentes consequências que as alterações climáticas vão provocar se nada de muito decisivo para a redução do aquecimento global for adoptado.
Num outro artigo da mesma revista, "The Real Roots of Darfur", é defendido que a violência em Darfur é habitualmente atribuída aos ódios étnicos mas é o aquecimento global o primeiro responsável pela tragédia.

Os "atlânticos" & Cª. não são, obviamente, susceptíveis de mudar de opinião a respeito deste e de outros assuntos. A sua fé não lhes consente.

Por uma questão de coerência, contudo, a Atlântico devia mudar de nome.

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