Monday, November 09, 2015

UMA QUESTÃO DE DESGOSTOS


Li com o maior interesse esta sua análise mas o remate das conclusões - "preferir um governo PS a um governo PàF indica desde logo que a pessoa ou gosta mesmo muito de risco ou, não gostando de risco ou sendo-lhe indiferente, é irracional" - parece-me inconsequente.

À generalidade das pessoas não subjugadas a catecismos partidários não se coloca agora qualquer possibilidade de arriscar muito ou pouco. Colocadas perante um cenário que a esmagadora maioria não previu, os optimistas esperarão que o governo PS seja bem sucedido, os pessimistas terão expectativas negativas. Mas não podem fazer nada num sentido ou noutro, salvo na forma como, p.e., vão gerir os seus gastos e as suas poupanças. Dito de outro modo, a expressão diferenciadora que utiliza - gostar - pode significar uma opção íntima, um estado de alma, mas não um gosto pelo risco. O gosto pelo risco, salvo melhor opinião, avalia-se pelo acto de arriscar. 

Se os eleitores tivessem sido colocados perante as duas opções, tivessem lido a sua análise, e a tivessem levado em conta, nesse caso, sim, poder-se-ia falar de uma tomada de risco.
Mas essa hipótese gorou-se no dia 4 de Outubro.

Se restringirmos a nossa observação às decisões de tomada de risco de investimento pelos empresários, também eles, decidirão em função das suas expectativas num cenário que os deve ter surpreendido a quase todos mas que não esgota a diversidade de vectores em que as suas decisões se enquadram. 

Muito provavelmente a generalidade dos empresários preferiria um governo PàF mas ver-se-ão envolvidos em circunstâncias para eles desgostosas. 

1 comment:

Bartolomeu said...

Esta, é uma visão precisa e concisa da realidade política nacional.
Acrescento, da minha lavra, que o futuro que se desenha, poderá vir a ser não desejável tanto para empresários, como para a população em geral. Se vier a concretizar-se, resta-nos esperar pelos efeitos da causa.