Monday, November 02, 2015

O JOGO DA CABRA CEGA

Há dias recebi na minha caixa de e-mail uma dessas larachas (que transcrevi integralmente aqui) que circulam na net e com que se desanuviam fugazmente os nossos descontentamentos. 

"Um agricultor, apanhado a conduzir embriagado uma carroça puxada por um  burra, na EN 17, em Celorico da Beira, foi condenado, em processo sumário, a pagar 450 euros de multa, pena que pode ser substituída por trabalho comunitário, porque trabalha,  não vive com qualquer subsidio do governo.
Foi-lhe ainda aplicada, como pena acessória, a inibição de conduzir qualquer veículo motorizado por um período de sete meses. A pena exclui a proibição de o arguido guiar a carroça puxada pela burra, o meio de transporte que mais utiliza, pese embora ter licença, segundo o próprio, para conduzir tractores e motociclos.
Até que enfim, funcionou a Justiça : Em tempo recorde, 8 dias depois foi julgado e condenado."


Li, descontraí, e passei à frente. Fui agora recuperá-lo ao cesto do lixo depois de ler este artigo publicado no Negócios on line. 

O caso BPN não é apenas um dos casos com que se enfeita a incompetência da justiça em Portugal e a anestesia que a banalização do crime impune injectou nos portugueses. Aproximam-se tempos complicados, ainda mais complicados, e já se perfilam diversos movimentos reivindicativos liderados pelos do costume, perante os novos governos, sejam eles quais e quantos forem. Mas não há uma, uma sequer, manifestação pública que acorde aqueles a quem compete a administração da justiça em nome do povo do entorpecimento que os tolhe quando os arguidos se transportam em cima de muitos cavalos. 

A capacidade de mobilização dos portugueses esgota-se na defesa dos interesses corporativos ou paroquiais. 

2 comments:

Unknown said...

Os 43% de abstencionistas, mostram que se aparecer alguem que mostre coerência, programa estruturado e bom senso frente aos microfones, teremos alterações .

Bartolomeu said...

Idiossincrasias que se mantêm atuais desde os confins dos tempos...