Lê-se aqui que a directora-geral do FMI, a surpreendente Christine Lagarde, advertiu hoje urbi et orbi que
"a economia global a três velocidades conduzirá a uma crise cambial nos mercados emergentes ou um endividamento insustentável nos EUA e no Japão. Segundo Lagarde o mundo está hoje dividido entre economias em crescimento, outras em recuperação, algumas ainda em dificuldade, e ritmos desiguais de crescimento determinarão novos desequilíbrios financeiros que poderão gerar outra crise".
Alguma vez foi diferente?
Reinhart e Rogoff defendem em "This Time is Different" (título irónico) que as causas de gestação das crise se repetem, incontornavelmente e que não há diferenças assinaláveis entre a crise que irrompeu em 2008 e aquelas que a precederam ao longo de oito séculos. Se assim é, estaremos perante uma inevitabilidade que nem a senhora Lagarde nem o mais pintado podem prevenir?
Nos últimos cinco anos, afirmou Lagarde, os empréstimos em moeda estrangeira aos mercados emergentes aumentaram cerca de 50%. Só no ano passado o crédito bancário aumentou 13% na América Latina e 11% na Ásia. Um crescimento tão acentuado determina um crescimento do risco que só pode ser controlado através do reforço da supervisão bancária e a restrição do crédito para actividades de crescimento rápido. Wishful thinking. Quando a economia aquece quem é que tem mão nos banqueiros?
Genericamente, Lagarde deu com estas declarações antes da reunião da primavera do FMI, como vem sendo habitual, uma no cravo e outra na ferradura. Concorda com o quantitative easing nos EUA, critica a decisão da contração a curto prazo da despesa imposta pelos republicanos nos EUA, quando a recuperação ainda não está consolidada e o desemprego é ainda elevado, mas previne para o crescimento do endividamento a longo prazo. No Japão a dívida pública de 245% do PIB parece cada vez mais insustentável, mas por outro lado os nipónicos precisam de libertar-se da armadilha da deflação.
Na zona euro, diz Lagarde, o principal problema é o sistema bancário, que deve ser recapitalizado, reestruturado, e encerrados alguns bancos. Há algum tempo atrás Lagarde parecia mais preocupada com os efeitos negativos da austeridade na União Europeia. Mudou de ideias?
Lagarde é uma mulher para todas as circunstâncias.
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Correl . - FMI diz que zona euro deve limpar sistema financeiro e fechar bancos onde necessário
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