Obviamente, não dispõe.
Para quê? Obviamente, novas eleições não ajudariam a resolver os problemas do país.
Enquanto os líderes dos partidos do arco governamental não abdicarem das suas ambições pessoais e contribuirem para a formação de um governo de salvação nacional, Portugal continuará a afundar-se.
É lamentável que o PR continue a não reconhecer isto.
Repito-me: Passos Coelho cometeu o seu primeiro e maior erro político quando formou governo dispensando o PS das responsabilidades do cumprimento do acordo que o anterior governo negociou e o trio - PS/PSD/CDS - subscreveu. Cavaco Silva apadrinhou esse erro, fatal para a imprescindível conjugação de esforços nas conversações posteriores com a troica, dizendo que o Governo era suportado por uma maioria na AR, e dispunha, portanto, de condições para governar. Viu-se. Agora, quando está iminente o pedido de um segundo resgate, Cavaco Silva mantém o mesmo discurso, como se nada tivesse acontecido, entretanto.
Passos Coelho faz uma declaração ao país daqui a três horas.
Não consta que vá demitir-se. Persisitirá obstinadamente, como desde o início do seu mandato, convicto que é capaz de governar suportado apenas pela maioria que o apoia. Não é. Seguro afirma-se convicto de estar preparado para governar. Não está. Sócrates continuará logo à noite na RTP a defender-se, atacando, insinuando que com ele tudo teria sido diferente. Não teria sido.
Para se resgatar, Portugal precisa de vacinar-se contra a partidocracia. Competiria ao PR fazer por isso. Não quer, ou, se quer, não parece. Aquilo que deveria ser um desígnio comum - uma frente nacional coesa nas relações com a troica - é postergado pelos interesses partidários e pelo calculismo do PR.
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