Sunday, April 21, 2013

POR QUE DEVEMOS SAIR DO EURO

É o título do mais recente livro de João Ferreira do Amaral.
Acrescenta alguma coisa ao que há muito tempo JFA vem dizendo sobre o assunto? Não vem.
E, no entanto, o livro merece uma leitura. São cerca de cento e vinte páginas que entroncam numa dúzia de linhas, a pgs 71:
 
"Uma moeda única só poderá funcionar num espaço em que as vicissitudes individuais das componentes desse espaço tenham muito menos importância para os cidadãos do que para o todo. Ora, isso não se verifica quando as componentes do espaço são países que têm a sua identidade própria, organizados em estados com muitos séculos de História e quando todo o espaço comunitário é uma organização meramente artificial, quase sem identidade. Numa situação destas, os interesses das entidades-estados não podem ser preteridos faces aos intereses do todo, porque os cidadãos nacionais não aceitam a subalternidade do seu estado em relação aos interesses restantes - logo, nunca o espaço europeu pode constituir uma área monetária óptima".
 
Dito isto, o que está em causa não é a zona euro, os benefícios e os malefícios do euro, as vantagens e as desvantagens de sair do euro, mas a própria União Europeia, afinal de contas a própria Europa.
Se, como afirma Amaral, a História da Europa a impede de ir além de uma organização meramente artificial, a desconstrução europeia é uma questão de tempo. E se assim é, teremos alguma vantagem em sair da sala antes do espectáculo acabar? JFA antecipa o fim da UE mas não equaciona a vantagem da saída de Portugal em sair antes que esse fim aconteça.
 
A proposta de JFA de saída do euro, e, eventualmente da UE, sustenta-se fundamentalmente, no handicap da falta de moeda própria que inibe as economias mais frágeis, entre as quais a portuguesa, de se adaptarem às circunstâncias externas envolventes. Os argumentos são sobejamente conhecidos mas em grande medida também bastante controversos. Altamente controversas são também as vias que JFA sugere para a saída de Portugal do euro. Já é muito menos controversa a previsão de um fim conturbado para a União Europeia se não houver mudança radical da rota actual, dando razão ao diagnóstico de impotência que JFA refere a pgs 71 do seu livro.

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