Wolfgang Schaulble, ministro das finanças da Alemanha e da zona euro, disse hoje a um semanário económico do seu país que a solução para Chipre, isto é, o confisco dos "grandes depositantes", vai ser a norma para resgates futuros do sector financeiro.
Há dias, o senhor Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, ministro das finanças da Holanda, o tal que declarou ter um mestrado que não tinha, disse o mesmo que o senhor Schaulble disse hoje mas pouco depois admitiu que tinha dito o que não devia. E a garantia dada a seguir por diversos personagens menores de que o corte feito em Chipre não seria replicável em nenhum outro caso, claudicou agora com as declarações do ministro Schauble. Também Schauble disse agora o que não queria? De modo algum.
Se o propósito hoje anunciado for avante, as consequências serão vastas.
Desde logo, se ele tivesse sido aplicado desde a erupção da crise, a escandalosa factura do BPN, por exemplo, teria sido sobretudo paga por aqueles que pescaram na babugem das condições em que foi cometido o maior escândalo financeiro de sempre em Portugal.
Mas é evidente que o anúncio de Schauble vai abanar uma grande parte do sistema financeiro europeu e não é de todo improvável que possa provocar um terramoto de que não restarão senão escombros. Quem é que, a partir de agora, pode minimamente confiar na solvabilidade do banco onde colocou as suas poupanças ou os seus meios de transacções diárias, mesmo que lhe digam que o tier do banco é confortável e os seus depósitos sejam bem inferiores a cem mil euros?
Será então, afinal de contas, o senhor Schauble tão desastrado e mal amestrado como o senhor Jeroen Dijsselbloem? Não é crível. O senhor Schauble tem um produto seguríssimo ao dispor de quem queira evitar cortes nos saldos bancários. Chamam-se bunds, têm rentabilidade negativa mas nada que se compare com um hair cut à moda de Chipre.
O senhor Schauble sabe-a toda. Resta saber se sabe mais alguma coisa.
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