Wednesday, April 03, 2013

MOÇÃO INSEGURA*

Não tenho possibilidade de acompanhar a discussão de hoje na AR mas, ainda que tivesse, não perderia um minuto para ouvir o que já sabemos que vai ser dito de parte a parte. Tanta conversa para ficar tudo na mesma, é enjoativa. De horas e horas de fastio discursivo não resulta mais que um show televisivo que os media vão aproveitar até ao tutano. Ganha o país alguma coisa com isso? Duvido.
 
O problema não é este governo mas a amarga sensação de ausência de uma alternativa que possa inverter o caminho da descida, que permita terminar com a escavação, como sugeriu o outro, mas não disse como. Seguro não vai além de um discurso vazio e repetido de políticas de emprego e crescimento, e percebe-se que o seu objectivo inconsciente é o poleiro apodrecido. Mas Portugal não é caso único.
 
No resto do sul da Europa, a luta de galos é idêntica. Desde que a raposa germânica lhes entrou pelas traseiras, gregos e latinos têm-se esforçado para lhe aumentar as rendas sem que qualquer deles seja capaz de cerrar fileiras e enfrentar a ameaça da força com a ameaça da unidade. Em Espanha, os escândalos multiplicam-se e atingem até a  monarquia, o que seria displicente em outras circunstâncias é destruidor nas actuais, o líder da oposição está em queda contínua, o governo limita-se a promessas, o desemprego não pára de aumentar e a prometer continuar na mesma passada. Em Itália o caos político é uma habituação que desta vez pode resvalar para o desastre democrático. Em França, o senhor Hollande esgotou-se em três tempos, se não estava esgotado antes de tempo. São cretinos, os latinos?
 
Dona Ângela deve estar convencida que sim. Só assim se explica o à vontade com que se comporta no meio de tanta gente assaltada sem ter noção do assalto nem instinto para, pelo menos, lhe bater o pé. A propósito: por uma questão de dignidade, de alguma verticalidade na coluna, o senhor Durão Barroso, que saiu do país já o país estava de tanga, para usar a sua expressão dele, e o senhor Constâncio que, como governador do Banco de Portugal, foi, objectivamente, um dos grandes resoponsáveis pelo desastre, deveriam demitir-se e não continuarem comparsas de um jogo que eles sabem bem ter as cartas viciadas.

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*Modificado.
Act . - Sem surpresa, a moção de censura foi rejeitada. Passos Coelho insiste que renegociação da dívida se encontra no fim da linha. Sem avistar luz ao fundo do túnel, nem ele sabe para onde leva o combóio.

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