É a notícia do dia:
A intervenção do ex-primeiro ministro, sendo não remunerada não será gratuita.
Sócrates tem sido acusado de tudo e mais alguma coisa e está longe de ser inocente na derrocada que levou o país à beira da bancarrota, de onde, aliás, ainda não saiu. O voto popular sentenciou-o a retirar-se do lugar que ocupava mas não a retirar-se da política. Agora, que a indignação popular se voltou, como seria esperável, para os novos detentores do poder, a aparição de Sócrates num programa semanal de televisão de 25 minutos, será uma oportunidade concedida pela televisão pública para Sócrates se defender e, inevitavelmente, atacar.
Vinte cinco minutos semanais em televisão é muito tempo. A aparição de Sócrates não pode ser um remake de outros comentadores políticos e, nomeadamente, de Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, António Vitorino, António Costa, Jorge Coelho ou mesmo Santana Lopes. Sócrates não poderá, e certamente não quererá, distanciar-se da apreciação das funções que exerceu e das responsabilidades que lhe são atribuidas.
O clima político está em brasa e não é previsível que a combustão abrande nos tempos mais próximos. A entrada em cena de Sócrates como comentador político, porque não é esperável que o tenham convidado para comentador desportivo, vai aquecer ainda mais um ambiente sobre aquecido.
O que pretende Sócrates, então?
Preparar a sua eventual candidatura à presidência da República? É temporalmente prematuro e politicamente inoportuno. Voltar à liderança do PS e chefiar um próximo governo? É possível mas improvável que a conjuntura o consinta. Só resta uma hipótese: a da defesa das decisões que tomou e a implícita acusação daqueles que, no entender dele, são tanto ou mais que ele, responsáveis pelo desastre.
De qualquer modo, é uma aparição que irá exacerbar até à náusea o confronto político numa altura em que Portugal precisa do consenso a bordo que possa evitar o naufrágio. Sócrates e o director de programas da RTP vão fazer subir o share da televisão pública prestando ao país um serviço público que dificilmente não será, na conjuntura actual, perverso.
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Correl. - A paixão de Sócrates
Sócrates tem sido acusado de tudo e mais alguma coisa e está longe de ser inocente na derrocada que levou o país à beira da bancarrota, de onde, aliás, ainda não saiu. O voto popular sentenciou-o a retirar-se do lugar que ocupava mas não a retirar-se da política. Agora, que a indignação popular se voltou, como seria esperável, para os novos detentores do poder, a aparição de Sócrates num programa semanal de televisão de 25 minutos, será uma oportunidade concedida pela televisão pública para Sócrates se defender e, inevitavelmente, atacar.
Vinte cinco minutos semanais em televisão é muito tempo. A aparição de Sócrates não pode ser um remake de outros comentadores políticos e, nomeadamente, de Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, António Vitorino, António Costa, Jorge Coelho ou mesmo Santana Lopes. Sócrates não poderá, e certamente não quererá, distanciar-se da apreciação das funções que exerceu e das responsabilidades que lhe são atribuidas.
O clima político está em brasa e não é previsível que a combustão abrande nos tempos mais próximos. A entrada em cena de Sócrates como comentador político, porque não é esperável que o tenham convidado para comentador desportivo, vai aquecer ainda mais um ambiente sobre aquecido.
O que pretende Sócrates, então?
Preparar a sua eventual candidatura à presidência da República? É temporalmente prematuro e politicamente inoportuno. Voltar à liderança do PS e chefiar um próximo governo? É possível mas improvável que a conjuntura o consinta. Só resta uma hipótese: a da defesa das decisões que tomou e a implícita acusação daqueles que, no entender dele, são tanto ou mais que ele, responsáveis pelo desastre.
De qualquer modo, é uma aparição que irá exacerbar até à náusea o confronto político numa altura em que Portugal precisa do consenso a bordo que possa evitar o naufrágio. Sócrates e o director de programas da RTP vão fazer subir o share da televisão pública prestando ao país um serviço público que dificilmente não será, na conjuntura actual, perverso.
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Correl. - A paixão de Sócrates
2 comments:
Penso que a "estratégia" da reaparição de Socrates em condições priveligiadas, com direito a 25 minutos de tempo de antena em horário nobre, na estação do estado, numa altura de intensa contestação às decisões governativas: teria como finalidade o reforço de uma ala do PS descontente com a oposição que Seguro faz-que-não-faz e um reforço da voz dos partidos de esquerda no Parlamento, pressionando o governo a demitir-se, ou a remodelar-se. Em paralelo, Socrates não iria certamente perder a oportunidade de, fazendo uso do clima de desagrado geral para com o governo, limpar a sua imágem, fazendo-se passar por incompreendido e injustiçado.
Porém, a apática ala de Seguro, teve ontem um rasgo de inteligência, ao aprovar a moção de sensura que irá causar graves rasgos no executivo e ao mesmo tempo, esvaziar ou até tornar inócua a utilidade dos comentários de Socrates na RTP1.
A "espiga" toda reside no facto de : nem o governo saber o que anda a fazer, nem o que deveria ser feito e o PS menos ainda.
Mais uma vez os portugueses mostraram novos caminhos ao mundo :
Consta que Blair irá ser comentador da BBC, Aznar da TVE, Berlusconi da RAI, e se Sarkozy não irá à RTF é apenas porque a Bruni não lhe dá folga.
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