Wednesday, February 03, 2010

AOS SOLAVANCOS NÃO VAMOS LÁ

Os conflitos que estão a envenenar cada vez mais o confronto entre as oposições e o Governo não são apenas acidentes de percurso característicos dos regimes democráticos porque revelam, sobretudo, a incapacidade incontornável de, num quadro parlamentar como o actual, existirem condições de governabilidade que possam atacar os fundamentos da crise. A Lei das Finanças Regionais é mais um dos pontos de conflito que prometem caracterizar a luta política em Portugal. Mesmo que o apelo de última hora para rejeição da Lei das Finanças Regionais seja atendido (e tudo leva a crer que não seja, pelo menos globalmente) o País está condenado a andar em bolandas quando a unidade no essencial é condição sine qua non (ainda que não suficiente) para atacar os problemas graves que enfrentamos todos.
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Porque as agências de rating e todos quantos têm os olhos postos em nós também avaliam a nossa capacidade de mobilização para enfrentar as dificuldades. E não faz qualquer sentido pensar que as conclusões desses observadores são mais ou menos justas porque as consequências que delas resultarem não serão reverssíveis* pelos nossos argumentos se, logo à partida, lhes mostrarmos que não nos entendemos sequer internamente.
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Sobre Portugal pesa hoje um ónus de credibilidade externa. E nem sequer vale a pena argumentar que outros (quais?) enfrentam situações mais críticas que a nossa. Mais tarde ou mais cedo (e quanto mais tarde pior) teremos de pôr de acordo sobre o caminho a seguir. Noutros tempos, estas situações despoletavam golpes de Estado, os militares saíam à rua, e um senhor emergia da confusão tomando conta das rédeas do cavalo à solta. Não resolvia o problema mas sossegava as massas por algum tempo. Hoje, felizmente, ninguém toleraria essa hipótese que nos ostracizaria na Europa e no mundo civilizado.
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O Governo do PS é um governo legítimo mas não desfruta de condições de governabilidade que a situação impõe. Eleições antecipadas não alterariam significativamente o quadro parlamentar actual. Em cada dia que passa mais se me arreiga a convicção de que a solução governativa terá de encontrar-se dentro do actual quadro parlamentar com outro governo: maioritário pluripartidário.
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6 comments:

António said...

Portugal só andou bem com população reduzida.
Uns emigrados, outros nas colónias, outros a ir e vir na guerra.
Éramos metade do que somos hoje? aguentávamos aquilo tudo.
Com esta comandita toda, os ladrões, os irresponsáveis e demagogos todos que cá temos, fuzilando-os a todos, as coisas vão ao normal. Sem isso, nada feito, como se tem provado ao longo destes trinta e tal anos.
Roubam tudo e depois da casa roubada, fazem o que fazem os ratos, quando o navio começa a naufragar: fogem todos.
Não há outra solução.

rui fonseca said...

"fuzilando-os a todos, as coisas vão ao normal"

Que exagero, caro António, que exagero!

Aos tiros também não vamos lá.

António said...

Então como é que vamos?
Estou farto destes maganões!
Já chega!
Por mim, podia-se começar já hoje.

António said...

"Aos tiros também não vamos lá."

E acrescento:
Quando alguém critica uma solução proposta por outrem para um problema qualquer, tem de ter SEMPRE um solução alternativa, melhor e que acabe de vez com esse problema. Se não tiver, permanece a que está proposta.
Tem alguma?

rui fonseca said...

"Tem alguma?"

Tenho e já a referi: A demissão deste governo e a nomeação do mesmo PM para formar um governo maioritário pluripartidário.

António said...

Caro Rui Fonseca:
Tenha paciência, mas não concordo consigo.
Essa solução já vem tarde.
O sr. presidente desta república, devia ter puxado as orelhas ao rapaz que ascendeu a lugar cimeiro após consecutivas habilidades e malabarismos. Logo quando foi aquilo da licenciatura. Depois, perdeu a mão com aquilo dos licenciamentos.
Depois, outra vez e outra e outra. tinha sido logo no início. Não o fez. Mas ainda ia a tempo de salvar esta coisa se um dia antes das ultimas eleições tivesse chamado o secretário geral do ps e lhe dissesse para escolherem lá no partido alguém credível para proporem como futuro pm. uma vez que o actual (à época) não era grande coisa.
Não o fez. Perdeu outra vez.
Mas o mal todo da questão é que isto não é do sr.pr. Isto é nosso e ele, embora mandatado para gerir bem, está a gerir quer é uma m...!