Não é a primeira vez que o repúdio destes assuntos me faz escrever sobre eles.
Os jornais, a televisão, a rádio têm enchido o papo com a descrição até à exaustão dos crimes do monstro austríaco. Regalaram-se com a monstruosidade quando ela foi descoberta, rejubilam agora quando a justiça, que pelos vistos também não é célere na Áustria mesmo quando os factos são indesmentíveis, convocou a besta para julgamento.
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O Público, por exemplo, para além de dedicar à fotografia do abjecto quase metade da primeira página, reexplica nas páginas 2 e 3 os episódios com que já toda a gente foi bombardeada, desde que tenha televisão em casa. E volta a publicar a fotografia em dimensão XL. Como se isso não bastasse, a capa do caderno P2 e as páginas 4 e 5 voltam a abordar o tema, agora de forma pretensamente científica, e fotografia macro dos olhos do monstro.
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O que pretende o Público (e todos os outros media) quando, objectivamente, promovem os facínoras à condição heróis?
Vender.
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O que poderá ser condenável mas não preocupante.
Preocupante mesmo é que a generalidade dos leitores, telespectadores e ouvintes seja consumidor interessado neste tipo de notícias. Se não fosse esse instinto primário, que habita em grande parte da humanidade, para se alimentar de alimentar de notícias de escândalos, misérias e monstruosidades, os media seriam, certamente, mais comedidos.
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O apetite da humanidade pelo lodo é tão grande que, ainda segundo o Público de hoje, "uma nova fotografia de Charles Manson (que o jornal publica), responsável pela morte da actriz Sharon Tate, mulher do realizador Roman Polanski, em 1969, foi ontem divulgada pelo sistema prisional da Califórnia, no âmbito duma actualização das imagens dos detidos em Corcoran..." .
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São estes momentos de glória dos monstros promovidos pelos media que põem a salivar muitas mentes candidatas.
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