Tuesday, March 24, 2009

BOLSAR

As empresas cotadas em bolsa estão a convocar os seus accionistas para as assembleias gerais anuais. De entre eles, são convidados milhares de micro accionistas cujo valor das acções que possuem, daria, nos tempos em que as administrações e os grandes accionistas manobraram as cotações, quanto muito para pagar um jantar aos seus amigos; hoje não dará para pagar o pequeno almoço.
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O convite feito a estes micro accionistas é, obviamente, uma hipocrisia legal: o número de acções que a esmagadora maioria deles possui não dá para abrir a boca na assembleia geral de forma consequente. As decisões serão derimidas (e bem) pela maioria que, esmagadoramente, detem a grande maioria do capital social. É entre as facções rivais, quando essa rivalidade existe, que as decisões são tomadas. Os micro accionistas não contam e o convite para participar na assembleia geral é um pro-forma que deveria ser abolido.
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As bolsas deveriam apenas transaccionar acções ordinárias em lotes que pela sua dimensão afastassem aqueles que jogam na bolsa como quem joga nas slot-machines. Às pequenas poupanças deveriam ser oferecidas acções privilegiadas que garantissem prioridade na atribuição de lucros mas não atribuissem direito a voto, que em termos práticos não existe.
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Não é a primeira vez que coloco esta reflexão neste meu caderno de apontamentos. Voltei ao tema porque continuo a julgar que é na confusão entre accionistas que investem para dominar as empresas e accionistas que jogam nas bolsas as suas poupanças, directamente ou através de fundos de pensões, que se sustenta a perversidade que transforma as bolsas em casinos e que arrasa o sustentáculo financeiro futuro de muitas famílias quando a maré baixa.

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