Portugal é segundo país da OCDE com mais empregados sem qualquer qualificação
Cerca de 60 por cento da mão-de-obra em Portugal não tem qualquer formação específica, sendo apenas ultrapassada, entre 27 países da OCDE, pela Turquia, onde aquele indicador se situa nos 64 por cento, revela um relatório internacional.
Cerca de 60 por cento da mão-de-obra em Portugal não tem qualquer formação específica, sendo apenas ultrapassada, entre 27 países da OCDE, pela Turquia, onde aquele indicador se situa nos 64 por cento, revela um relatório internacional.
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Os indicadores mais recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), elaborados com base em dados de 2006, colocam ainda Portugal nos últimos lugares quanto à percentagem de trabalhadores com formação superior (cerca de 13 por cento), a par da Itália e só à frente da Turquia (pouco mais de dez por cento).No topo desta tabela surge o Canadá, onde sensivelmente metade dos empregados formou-se em universidades, seguido de Israel (46 por cento) e os Estados Unidos (39).
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De vez em quando, as estatísticas da OCDE confrontam-nos com as nossas fraquezas colectivas. Hoje vêm-nos dizer que em matéria de qualificações dos trabalhadores só a Turquia consegue ultrapassar-nos na zona negra da lista.
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Lendo isto e aquilo que acabei de escrever acerca do inevitável desaproveitamento das capacidades dos técnicos, quadros superiores e gestores reformados, parece à primeira vista que se, em Portugal, o número de pessoas qualificadas é, em termos relativos, muito reduzido, deveria observar-se uma tendência para a sua retenção nas empresas e nos órgãos do Estado e não a sua dispensa, frequentemente antecipada relativamente à idade normal da reforma.
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A contradição é aparente: i) o crescimento económico é também função das qualificações dos indivíduos, mas não só; ii) o crescimento económico é indutor do crescimento de emprego mas pode ocorrer estagnação do nível de emprego ou mesmo desemprego em fase de crescimento económico; iii) o crescimento económico sustenta-se no crescimento da produtividade e esta, sendo função da qualificação dos meios humanos envolvidos, tende a reduzir o seu número para o mesmo volume produzido.
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Dito de outro modo: A qualificação dos portugueses é condição necessária, mas não suficiente, ao aumento da produtividade, sem o qual não há crescimento económico sustentado. Mas desse crescimento económico não resultará a necessidade de um proporcional aumento dos trabalhadores envolvidos. O aumento de produção (aumento quantitativo e/ou qualitativo) exige melhores mas não proporcionalmente mais trabalhadores.
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Por outro lado, o défice de qualificações é, em Portugal, muito maior ao nível do desempenho de funções operativas e de gestão intermédia do que de gestão superior.
11 comments:
O que é lamentavel é que não conseguimos aproveitar a qualificação da nossa mão de obra com formação superior, colocando-a muitas vezes em tarefas manuais e repetitivas como operadores de supermercados.
Ui, ui, o que aqui temos.
"a nossa mão de obra com formação superior," não sabe trabalhar, não sabe fazer nada. Sabe fazer uns power-points, umas coisa em excel e são iguais aos outros, nem português sabem.
Como tal, estão bem ali.
Mas não fica por aqui, já que qualquer dia a formação superior é atribuida juntamente com o registo de nascimento. Aí sim, já se nasce senhor doutor ou senhor engenheiro e já não será preciso enviar faxes a ninguém. É mais simples(x).
A renova faz papel higiénico negro, talvez aproveitando a reciclagem das listas em que estamos colocados e que todos os dias aumenta.
Caro Frederico,
A subutilização de qualificações, parece-me, confirma aquilo que refiro no meu post: são sobretudo as funções operativas e de gestão intermédia que estão sendo exercidas por pessoas deficientemente qualificadas.
O exemplo mais acabado é a marinha de guerra: Temos mais almirantes que barcos e há marinheiros que não sabem nadar.
Por outro lado, o desfasamento entre a oferta e a procura de competências tem muito que ver com o facto do ensino universitário ser tendencialente gratuito. Regra geral quando um produto é gratuito, ou quase, é mal utilizado.
Depois as competências não se traduzem em diplomas mas na efectiva capacidade de as demonstrar. E aí o ensino, a todos os níveis, continua a falhar muito.
Há solução? Do meu ponto de vista a solução passa pela exigência. Se relativamente a um candidato o empregador (o Estado, uma empresa) não cuida de avaliar os seus conhecimentos que motivação tem o candidato em se preparar? Se a Universidade depende do financiamento do Estado e este é proporcional ao número de alunos que exigência incentiva a Universidade a só dar entrada aos que cumpram os requisitos mínimos?
Caro António,
Não sou tão pessimista.
De qualquer modo reconheço que o nosso nível de incompetência colectiva é transversal. E de competência também.
Há gente melhor e pior por toda a pirâmide.
Eu sei que o mal dos outros não nos anima mas, este 'desastre' não é só nosso...
Kuriculam vitay's that spell trouble for jobseekers
By BECKY BARROW Last updated at 22:00pm on 3rd January 2007
Job-seekers are ruining their chances by submitting CVs riddled with poor spelling and bad grammar, research revealed yesterday.
Nearly half of the recruitment agencies questioned said the majority of CVs they receive contain grammatical errors.
For many job-seekers, the mistakes start before they have even begun to chronicle their careers and achievements.
At the top of their CV they write "Curriculum Vitae" - the Latin for "course of life" - but get the spelling wrong. One applicant wrote "Kuriculam Vitay", the study said.
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Other common errors include using the word "wood" not "would"; "there" not "their"; "roll" not "role"; and "personnel" not "personal".
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A recent CBI report showed one in three employers has to send staff for remedial training to teach them basic English and maths skills. A fifth of the workforce has literacy or numeracy difficulties.
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http://www.dailymail.co.uk/pages/live/articles/news/news.html?in_article_id=426310&in_page_id=1770
1,8 million de salariés illettrés en France
AGNÈS LECLAIR et DELPHINE DE MALLEVOÜE.
Publié le 17 septembre 2007
Actualisé le 17 septembre 2007 : 07h50
Plus de la moitié des personnes souffrant de lacunes d'écriture, de lecture ou de calcul travaillent. Un marché annuel d'un milliard pour les organismes de formation.
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http://www.lefigaro.fr/france/20070917.FIG000000135_million_de_salaries_illettres_en_france.html
A third of new nurses fail simple English and maths test
By Celia Hall, Medical Editor
(Filed: 05/08/2006)
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A third of nurses expecting to graduate next month have failed a basic English and maths test set by a hospital as part of a new selection process.
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One question is: if a night shift starts at 8pm, is it the same as 18.00, 19.00, 20.00 or 21.00 hours? Another asks: how many minutes are there in half an hour?
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Talvez estejamos a 'copiar' exemplos dos países errados.
En Suède, des enseignants non fonctionnaires, une éducation décentralisée
De notre envoyée spéciale à Stockholm STÉPHANE KOVACS.
Publié le 18 décembre 2006
Actualisé le 18 décembre 2006 : 06h00
L'organisation du système éducatif de ce pays de 9 millions d'habitants a été totalement réformée. Près de 90 % des étudiants obtiennent une maîtrise.
EN MATIÈRE d'éducation aussi, il y a un « modèle suédois ». Un modèle que l'on vient découvrir de toute l'Europe. Y compris Gilles de Robien, venu l'étudier à la veille de la rentrée, notamment pour préparer la réforme de la formation des maîtres à laquelle il met cette semaine la dernière main.
Après la crise économique des années 1990, raconte Michel Wlodarczyk, secrétaire général de Folkuniversitetet, l'université du soir, « la seule façon, pour les Suédois, de continuer à être une nation industrielle, était de miser sur le savoir. Nous avons créé un système de formation continue et décidé que 50 % d'une classe d'âge devait aller à l'université. Résultat : cette petite nation de 9 millions d'habitants a fondé 15 entreprises de renommée mondiale comme Volvo ou Ikea ».
Depuis 1es années 1990, les enseignants ne sont plus fonctionnaires. « C'est nous qui l'avons demandé, indique Jörgen Lindholm, secrétaire international de la Fédération des enseignants suédois. On voulait pouvoir négocier nos salaires et nos horaires. » L'école suédoise, entièrement gratuite, est décentralisée et gérée par les communes. Mais l'agence nationale de l'Éducation assure l'évaluation continue des activités scolaires.
Chaque professeur est choisi par un comité comprenant le directeur de l'école, trois parents et deux élèves s'ils ont plus de douze ans. « On vérifie ses références et son casier judiciaire, souligne Bea Nallesdotter, secrétaire générale de la Fédération des parents d'élèves. On peut ne lui proposer qu'un CDD de six mois. S'il ne fait pas l'affaire, son contrat ne sera pas renouvelé. » Le salaire d'un débutant avoisine les 20 000 couronnes (2 200 eur).
Depuis 2001, les instituts de formation des maîtres sont intégrés aux universités, afin de renforcer les liens avec la recherche. La formation, complétée par un stage, dure entre trois et cinq ans et demi. « L'enseignant est de plus en plus vu comme un tuteur et a pour consigne de responsabiliser l'élève », commente Jörgen Lindholm.
Liberté et polyvalence
Les aspirants professeurs se concoctent leur programme librement : quelques heures d'anglais, une pointe de science physique, un peu de sport... Seule obligation : l'apprentissage d'au moins deux matières, afin d'être polyvalent, et de pouvoir éventuellement remplacer au pied levé un collègue malade.
« Mais cette grande liberté a entraîné une certaine anarchie, tempère Michel Wlodarczyk. On s'est par exemple aperçu que dans une école de maîtres de Stockholm, il n'y avait que trois heures de cours obligatoires ! » Les établissements d'études supérieures sont contrôlés, tous les six ans, par une agence qui peut leur enlever le droit de décerner un diplôme.
Pour entrer à l'université, également gratuite, il faut passer un concours. « Résultat, lance Michel Wlodarczyk, quatre ans plus tard, près de 90 % des étudiants suédois ont une maîtrise en poche, contre moins des deux tiers de leurs camarades français ! »
Chaque étudiant, quel que soit son milieu social, reçoit, pour payer sa chambre et ses livres, une bourse-prêt d'environ 8 000 couronnes par mois, dont 80 % devront être remboursés une fois les études terminées.
Boa tarde,
ser ou não ser pessimista não é a questão.
A questão que se põe é esta: vale a pena prosseguir com uma política de instrução (a educação é dada em casa, por quem a tiver para dar, mais um bocadito na Escola) em que os valores estatísticos se sobreponham aos valores realísticos?
Ou seja, é mais importante sermos reconhecidos lá fora, por gentes que ignoram a nossa realidade, como um país em que tem quase 100% de pessoas com formação superior, embora não sabendo nada de nada e muitas vezes nem a própria língua conhecendo como é seu dever, sermos reconhecdos pela qualidade dos nossos conhecimentos e aptidões, ou sermos reconhecidos pela quantidade, sabendo nós que a qualidade é péssima, dificultando a escolha de alguém para determinada função?
Se o meu amigo quiser recrutar alguém com determinadas qualidades para preencher determinado lugar, acha que essa tarefa está fácil, vai ser mais fácil daqui por diante, ou tem dúvidas e a certeza que será cada vez pior?
Isto, sabendo eu que sou pessimista, não é pessimismo.
É o que está à vista e se vê para lá da névoa.
E por falar em névoa, de há muito tempo para cá que há mais almirantes do que navios e no caso de naufrágio, nadar não adianta muito.
Basta ficar vivo.
Outra: alguns alunos, ao escolher a segunda língua, escolheram o Espanhol. Porquê?
Porque como em Espanha as médias exigidas para o ensino superior são mais baixas do que cá, já têm o handicap de escrever, ler e falar o Castelhano.
Indicações dos paizinhos que com isto, incutem ainda mais nos seus rebentos, a lei do menor esforço.
Estamos a caminhar muito bem.
Pessimista, eu?
Cara Amiga A.,
Muito obrigado pelo seu contributo.
Mas, como começa por dizer, com o mal dos outros podemos bem.
No entanto há que ponderar que há em todas as sociedades pessoas com diferentes graus de instrução, de capacidade, de empreendedorismo, de civismo, de cultura, etc.
O que diferencia não é existir ou não existir mas as densidades das existências.
E aí, Cara Amiga, estamos geralmente mal.
Há analfabetos na Coreia do Sul? Há. Mas são apenas 1% da população. Em Portugal são dez vezes mais.
E fiquemos por aqui para não continuarmos os lamentos.
Lamentar não constrói.
"Se o meu amigo quiser recrutar alguém com determinadas qualidades para preencher determinado lugar, acha que essa tarefa está fácil,..."
António,
Há dias dizia-me um amigo meu, director de pessoal de um grande grupo económico em Portugal, que o maior problema é encontrar candidatos que não se droguem.
Fiquei surpreendido e não sei se o meu amigo exagera.
Mesmo tendo em conta algum exagero, a afirmação é terrível.
Mas denuncia uma coisa: Para além da formação de base é muito importante a condição mental dos indivíduos. Um indivíduo menos bem preparado, prepara-se. Um indivíduo mentalmente afectado é um problema para a empresa em cada instante.
Em matéria de formação, as empresas não podem depositar no Estado todas as responsabilidades. Até porque cada vez mais as funções requerem conhecimentos tão específicos que é virtualmente impossível garanti-los na escola pública.
"(...) candidatos que não se droguem."
Será que qualquer trabalhador português com talento não entra em desespero com a ineficiência do seu ensino, com a ineficácia das suas chefias, com incompetência da maioria dos governantes?
Frederico
PS: Rui, gostava de trocar uma msg consigo sobre a visão que tem para Portugal. Poderia enviar-me um mail para frederico.slucas@gmail.com para lhe enviar a informação para a qual pretendo a sua opinião?
Olá Frederico, boa tarde!
O endereço já seguiu pelo correio.
Aquilo que penso sobre Portugal é o que tenho vindo a escrever nas
minhas palavras cruzadas. A intenção é dupla: i) ginástica mental ii)
corrigir as minhas convicções.
Evidentemente que não enjeito uma ou outra palavra de estímulo mas
são sobretudo os pontos de vista contrários que mais me estimulam.
Se tiver tempo e pachorra para tempo para isso leia o que escrevi e
diga-me com o que o discorda.
V. pergunta-me no seu comentário de hoje:" Será que qualquer
trabalhador português com talento não entra em desespero com a
ineficiência do seu ensino, com a ineficácia das suas chefias, com
incompetência da maioria dos governantes?"
Toca-me num ponto fraco porque tenho dois filhos e ambos escolheram
países estrangeiros para trabalhar. Mas não vou por aí.
Eu acho que não é o desepero com a ineficiência do ensino, a
ineficácia das chefias, a incompetência dos governantes que leva muita
gente, alguns dos quais já pouco jovens, a drogar-se. Também eu fiquei
surpreendido com aquilo que me disse o director de pessoal que referi
no meu comentário. Se me pergunta porque é que isto acontece, não sei.
Mas penso perceber porque é que não se reduzem os casos de droga.
Sobre o assunto já escrevi várias vezes, algumas das quais sob o
título "E, se de repente, acabasse a droga?". Já leu? Leia sff. e
diga-me o que é v. faria se lhe dessem uma vara de condão para acabar
com a droga.
O mundo é muito complicado. Mas às vezes até sabemos porquê.
Não tenho nenhuma pretensão de o endireitar. Vou tentando reflectir
sobre o que se passa a volta e, na medida do possível, denunciar
aquilo que me parece mal e sugerir pistas alternativas. Irrita-me a
crítica pela crítica. Se mandasse, começava por aí: Proibia a crítica
sem propostas alternativas.
Abraço
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