Leio no Expresso Economia a opinião de João Borges Assunção, professor na Católica, que coincide com o que já tenho escrito aqui no Aliás acerca do assunto: "A paixão excessiva pela educação pode criar dois problemas: Por um lado a crença de que um melhor sistema de educação resolverá todo o défice de competitividade económica. Por outro, a discussão apaixonada sobre as teorias da educação em detrimento da reflexão fria sobre a gestão da escola e do sistema educativo".
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Na realidade, está mais que demonstrado que a competitividade sustenta-se geralmente nas capacidades envolvidas e estas, na formação dos indivíduos, mas a formação específica não é condição suficiente para o crescimento da competitividade e a sua abordagem essencialmente pelo lado da educação é, frequentemente uma forma de adiamento do enfrentamento com os bloqueios de curto. Se o problema do crescimento da produtividade, e, por via desta, do aumento da competitividade a impulsionar o crescimento económico, dependesse assim tanto da educação, não teríamos os licenciados desempregados que temos nem se observaria a fuga de muita gente qualificada para o estrangeiro.
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Há causas mais decisivas no emperramento em que desembocou a economia portuguesa. A mais crítica é a (falha) da Justiça.
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O frequente incumprimento das leis, que tem as suas raízes profundas numa atitude de generalizada falta de exigência nas relações entre cidadãos e cidadãos e o Estado, é, pelo menos, tão perniciosa para o crescimento social e económico como a lentidão da Justiça na apreciação do incumprimento. Criou-se um ciclo vicioso que inunda os tribunais e premeia o incumprimento das leis.
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O Estado, pela dimensão que assume na economia do país, deveria dar o exemplo de exigência, mas frequentemente não dá. O Jornal de Negócios de quinta-feira passada noticiava os primeiros resultados da aplicação dos "Princípios de bom governo das empresas do sector empresarial do Estado", um diploma aprovado em Fevereiro de 2007 . E os resultados demonstram um generalizado incumprimento por parte de quem deveria dar o exemplo. O Ministro responsável pela lei veio a público, atabalhoadamente, desculpabilizar os relapsos e os autores da legislação incumprida.
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Lamentável.
3 comments:
É isto que temos, um Estado relapso, incumpridor, mau pagador, um péssimo exemplo. Quem o pôs assim? Ninguém é responsabilizado.
Já não tem conserto.
"Quem o pôs assim?"
A maioria de nós. É assim em democracia. Que é o sistema menos mau.
Os chineses andam a tentar uma alternativa. Gostava de ver como.
"Já não tem conserto."
Total, não. Mas parcialmente, acho que tem.
"Total, não. Mas parcialmente, acho que tem."
É sempre parcialmente. Só as moscas é que mudam.
Quanto à solução que os chineses buscam, nunca será uma democracia porque não será aceite pelos democratas.Algo que impeça o saque por parte de democratas como aconteceu aqui e aconteceu na Russia, assim que se "instalou a democracia", não pode ser classificado pelos "democratas", um regime democrático . A China não permitirá semelhante aberração e por isso não haverá democracia na China. Democracia, para uns é ter liberdade, falar mal até do governo. Para outros é mandar calar, atropelar, servir-se do que é de todos para seu unico proveito, unico e dos da mesma laia, como acontece em Angola e noutros locais de democracia exemplar.
As nomenklaturas, servem-se muito, servindo muito pouco.
Não são democracias a não ser para si próprias.
Nalguns casos, a democracia é o pior sistema. Noutros, o melhor.
Para ser bom tem de começar pelo respeito, pelo trabalhar para o bem comum, pela partilha de deveres e de obrigações.
Aqui não é isso que acontece, chamem-lhe o que lhe chamarem.
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