transcrita da Wikipedia, e ao "post" deu o título
O FARDO DA HUMANIDADE
Comentei:
A propósito do Pecado Original ocorre-me sempre o fim do trabalho.Pelo pecado original, o homem foi condenado a sair do Jardim das Delícias e a ganhar o pão com o suor do seu rosto. Salvo erro, foi assim que Deus ditou a sentença. A História da Humanidade, a partir desse instante, é também a história do combate pela redução do trabalho. Mais ou menos o que faz o prisioneiro para toda a vida na sua cela: não pensa noutra coisa se não sair dela.E, inquestionavelmente, o homem tem sido bem sucedido. Ainda que grande parte da humanidade esteja sujeita e trabalhos árduos para garantir a subsistência e outros não a garantem porque não conseguem garantir trabalhos árduos, é um facto que outra parte, aquela onde nós tivemos a sorte de nascer, tem vindo a observar constantes reduções de horários de trabalho, de aumentos das férias, e de subsídios de desemprego. Conclusão: O trabalho tendencialmente vai acabar.E a globalização, ao alargar o campeonato da produtividade, inevitavelmente conduz a maior redução do emprego. Pois se o trunfo é aumentar a produção por unidade de emprego, só não haverá desemprego se o consumo suplantar a produção. E aí é que o emprego torce o rabo: O consumo ou a fruição têm um limite - o número de horas do dia, 24 para toda a gente. Até agora este dilema tem sido ultrapassado através da produção para desperdício ou pela destruição, a guerra em última instância. Quer comentar?
Sexta-feira, Novembro 24, 2006 3:20:22 PM
AA said...
Caro Rui, acabou de produzir o seu texto mais opaco de sempre. Qual é a sua tese, o que é que me quer perguntar?
Sexta-feira, Novembro 24, 2006 7:21:53 PM
Rui Fonseca said...
Caro António Amaral,Então se é opaco vou tentar explicar melhor: o tema que propôs sugere muitas leituras. Lembrei-me de uma:O Pecado Original mereceu uma pena - o trabalho. Ao fim de muitos milénios de cumprimento da pena, o Homem tem, em muitos casos, a pena quase cumprida, isto é, deixou de ter trabalho.O fim do trabalho é uma consequência natural da perseguição à produtividade.Geralmente tem-se por adquirido que a produtividade gera mais trabalho. A aumentos de produtividade têm correspondido aumentos de emprego. Há quem, minoritariamente, pense o contrário. A produção pode aumentar exponencialmente mas o consumo é assimptótico às 24 horas do dia. Donde não poder haver crescimentos de produção para além dos limites do consumo possível, a menos que a produção se destine a outros fins: desperdício ou reposição de destruição. De modo que, aumentando a produtividade, e a globalização é altamente promotora desse aumento, reduzir-se-á o emprego.O que colocará, talvez por vontade dos Deuses, uma situação inversa daquele que decorreu do Pecado Original: a extinção do trabalho.Estaremos, então, de volta ao Jardim das Delícias? Em resumo: o crescimento contínuo da produtividade tende para a criação de emprego ou para a sua eliminação? O Pecado Original depois do primeiro castigo (o trabalho) vai impôr ao homem um segundo (a extinção do trabalho)?A extinção do trabalho até nem seria um castigo mas um perdão se não se desse o caso de depois de, por força de tantos milénios de hábitos de trabalho gravados no seu ADN , a maior parte da humanidade não saber fazer mais nada.Espero ter sido transparente.
Sexta-feira, Novembro 24, 2006 7:53:17 PM
Rui Fonseca said...
Já agora, e como corolário da "tese":Com a redução do trabalho, passaremos a estar perante um "bem escasso". Chegará o momento em que haverá mais gente a querer trabalhar do que trabalho a realizar. O trabalho passará, então, a ser um "bem" transaccionável. Quem quiser trabalhar, paga, a quem cede o direito de não trabalhar. Estamos a falar de trabalho disjuntivo. A produção de sapatos é disjuntiva, o trabalho de escrever blogues não.
A propósito do Pecado Original ocorre-me sempre o fim do trabalho.Pelo pecado original, o homem foi condenado a sair do Jardim das Delícias e a ganhar o pão com o suor do seu rosto. Salvo erro, foi assim que Deus ditou a sentença. A História da Humanidade, a partir desse instante, é também a história do combate pela redução do trabalho. Mais ou menos o que faz o prisioneiro para toda a vida na sua cela: não pensa noutra coisa se não sair dela.E, inquestionavelmente, o homem tem sido bem sucedido. Ainda que grande parte da humanidade esteja sujeita e trabalhos árduos para garantir a subsistência e outros não a garantem porque não conseguem garantir trabalhos árduos, é um facto que outra parte, aquela onde nós tivemos a sorte de nascer, tem vindo a observar constantes reduções de horários de trabalho, de aumentos das férias, e de subsídios de desemprego. Conclusão: O trabalho tendencialmente vai acabar.E a globalização, ao alargar o campeonato da produtividade, inevitavelmente conduz a maior redução do emprego. Pois se o trunfo é aumentar a produção por unidade de emprego, só não haverá desemprego se o consumo suplantar a produção. E aí é que o emprego torce o rabo: O consumo ou a fruição têm um limite - o número de horas do dia, 24 para toda a gente. Até agora este dilema tem sido ultrapassado através da produção para desperdício ou pela destruição, a guerra em última instância. Quer comentar?
Sexta-feira, Novembro 24, 2006 3:20:22 PM
AA said...
Caro Rui, acabou de produzir o seu texto mais opaco de sempre. Qual é a sua tese, o que é que me quer perguntar?
Sexta-feira, Novembro 24, 2006 7:21:53 PM
Rui Fonseca said...
Caro António Amaral,Então se é opaco vou tentar explicar melhor: o tema que propôs sugere muitas leituras. Lembrei-me de uma:O Pecado Original mereceu uma pena - o trabalho. Ao fim de muitos milénios de cumprimento da pena, o Homem tem, em muitos casos, a pena quase cumprida, isto é, deixou de ter trabalho.O fim do trabalho é uma consequência natural da perseguição à produtividade.Geralmente tem-se por adquirido que a produtividade gera mais trabalho. A aumentos de produtividade têm correspondido aumentos de emprego. Há quem, minoritariamente, pense o contrário. A produção pode aumentar exponencialmente mas o consumo é assimptótico às 24 horas do dia. Donde não poder haver crescimentos de produção para além dos limites do consumo possível, a menos que a produção se destine a outros fins: desperdício ou reposição de destruição. De modo que, aumentando a produtividade, e a globalização é altamente promotora desse aumento, reduzir-se-á o emprego.O que colocará, talvez por vontade dos Deuses, uma situação inversa daquele que decorreu do Pecado Original: a extinção do trabalho.Estaremos, então, de volta ao Jardim das Delícias? Em resumo: o crescimento contínuo da produtividade tende para a criação de emprego ou para a sua eliminação? O Pecado Original depois do primeiro castigo (o trabalho) vai impôr ao homem um segundo (a extinção do trabalho)?A extinção do trabalho até nem seria um castigo mas um perdão se não se desse o caso de depois de, por força de tantos milénios de hábitos de trabalho gravados no seu ADN , a maior parte da humanidade não saber fazer mais nada.Espero ter sido transparente.
Sexta-feira, Novembro 24, 2006 7:53:17 PM
Rui Fonseca said...
Já agora, e como corolário da "tese":Com a redução do trabalho, passaremos a estar perante um "bem escasso". Chegará o momento em que haverá mais gente a querer trabalhar do que trabalho a realizar. O trabalho passará, então, a ser um "bem" transaccionável. Quem quiser trabalhar, paga, a quem cede o direito de não trabalhar. Estamos a falar de trabalho disjuntivo. A produção de sapatos é disjuntiva, o trabalho de escrever blogues não.
Concordo que é uma conclusão louca.
Por enquanto.
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