Podem os norte-americanos considerarem-se governados por um regime democrático a partir do próximo dia 20, data da "inauguration" do mandato de Trump, não atribuído por uma maioria de votos mas pela conjugação constitucionalmente consentida da sua distribuição globalmente minoritária pelos 50 estados da União? Podem. Não foi esta a primeira vez que o candidato eleito não obteve a maioria dos votos a nível nacional.
Será um poder democrático conquistado por portas travessas onde as redes sociais tiveram influência preponderante nas opções de voto de muitos eleitores confundidos ou enganados por mensagens que, em larga medida, foram forjadas a partir do Kremlin com a intenção de favorecer Trump denegrindo Hillary Clinton. Será um governo plutocrático formado por alguns dos membros mais ricos da sociedade norte-americana, vários deles oriundos de Wall Street, uma das fontes do mal que Trump prometeu secar durante a campanha. Não só não a secou como agora bebe dela.
A plutocracia, como qualquer outra forma degenerescente da democracia, instala-se no poder utilizando a flacidez inerente ao voto popular, fulcro onde se assenta a base do funcionamento democrático. A denúncia e o combate desse aproveitamento perverso, que as redes sociais potenciaram e Trump, um malabarista do twitter, aproveitou e continua a aproveitar, só pode ser travado pela dedicação primeira ao interesse público que é suposto ser ponto de honra daqueles que se candidatam ao governo da res publica.
Trump, aliado dos populistas instalados e dos candidatos a instalarem-se, vai poder contar com muitos daqueles que o combateram durante a campanha, chegando a sugerir que desistisse quando o viram quase a afundar-se no pântano de escândalos que ele alegremente ia alargando, porque o poder atrai os vampiros que dele se alimentam.
Vem este apontamento a propósito deste artigo - Los gemelos Trum y Assange - publicado no El País de hoje. Vale a pena uma leitura integral.
Vem este apontamento a propósito deste artigo - Los gemelos Trum y Assange - publicado no El País de hoje. Vale a pena uma leitura integral.
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