Voltamos a casa, e pela rádio ficamos a saber que os sindicatos da função pública dominados pela CGTP marcaram e mantêm, após as negociações de ontem com os representantes do Governo, greve geral no próximo dia 29. A UGT não adere a esta greve geral porque não considera que estejam esgotadas todas as possibilidades de negociação.
Porquê a greve? Porque o Governo prometeu reverter a decisão do anterior de alargar o horário da função pública para 40 horas semanais, uma decisão nunca acatada por algumas câmaras municipais, restabelecendo o horário semanal da função pública em 35 horas. Acontece que os sindicatos comunistas exigem que a reversão seja imediata e o Governo alega que os serviços precisam de algum tempo para o reajustamento. Cede novamente o Governo para não contrariar o parceiro parlamentar? Parece mais que certo.
E, no entanto, logo a seguir ouço que o ministro Mário Centeno garante que da redução das 40 para as 35 horas semanais não pode resultar aumento da despesa pública e agravamento do défice orçamental deste ano. Uma declaração interessantíssima.
Por um lado, os que sempre defenderam que do aumento do horário de trabalho para 40 horas semanais não resultaria aumento de produtividade (horária) da função pública, poderão defender agora que a reversão paras 35 horas permitirá o aumento de produtividade (horária). Com efeito, se com o alargamento do horário, o trabalho realizado foi o mesmo, a produtividade horária até terá baixado; e se, agora, em 35 horas for realizado o mesmo trabalho que em 40, a produtividade (horária) sobe.
Acontece que, logo a seguir, ouço ainda na rádio, delegados sindicais alegarem que não pode esperar-se que em 35 horas possa realizar-se o mesmo trabalho que em 40. E, consequentemente, a despesa pública terá de subir, não sendo os trabalhadores da função pública responsáveis pelo eventual agravamento do défice.
Perante a evidência dos factos, a demagogia reverte-se.
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Eram, entretanto, mais que horas de jantar, depois de uma viagem de 16 horas, entre vôos e tempos de espera, e fomos à procura de peixe cozido, uma delícia quase ignorada lá fora.
Havia cabeça de garoupa à nossa espera.
Também há coisas boas na nossa terra, então não há?
2 comments:
Ó se há coisas boas na nossa terra, caríssimo Rui,além do peixe:
-acabar com essa violência infantil dos exames (não disse avaliação) do 4º ano!
-passar das inúteis 40 horas de trabalho semanal para as 35.
Bom seria que devolvessem o que me (nos)roubaram...
Bom regresso e abç
Amigo Francisco,
Violência infantil no 4º. ano de escolaridade?
Mas agora passou a haver prova de aferição logo no 2º. ano ...
É diferente? Uma criança com 6/7 anos sabe distinguir prova de aferição de prova de avaliação?
Aliás, estas provas são sobretudo provas de avaliação de métodos e de professores. E estes, manda o sr. Nogueira, rejeitam toda e qualquer avaliação que não lhes atribua a todos classificação de "bons".
Quanto às 35 horas não tenho nada a opor. Até porque as sociedades caminham, inevitavelmente, para a redução dos horários de trabalho. O que eu não concordo, porque vai contra todo o elementar bom senso, é que com a redução das 40 para as 35 horas não haverá aumento da despesa pública como garantiu o ministro Centeno e defenderam aqueles que
combateram o horário das 40 horas porque, diziam eles, "não haveria ganhos nenhuns para o Orçamento com esse aumento. E o mesmo com os feriados."
Agora já dizem o contrário.
Abç
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