Friday, September 05, 2014

O PREÇO DO PAPEL DE EMBRULHO

A entrevista, dei por ela aqui
Para o autor do apontamento onde a pesquei,  as respostas do entrevistado dispensam comentários, tão claras quanto desconcertantes são as declarações do entrevistado, deduzo eu. Mas não merece alguma reflexão com que se possa tentar perceber um indivíduo, advogado, premiado - vd. aqui - pela respectiva Ordem, que com a maior  ligeireza, para não lhe chamar desfaçatez,  declara que recebia anualmente cerca de  10 a 12 mil euros líquidos por ano por participar em reuniões anuais do Conselho de Administração do BES, onde ele e os outros membros, entravam mudos e saiam calados? Penso que merece.

Admitir que estas coisas acontecem porque são deste calibre algumas elites que se pavoneiam e se governam em Portugal é pouco porque, no fim de contas, admitir a banalização "porque coisas destas acontecem por todo o lado"  é desculpabilizar a confessada desonestidade do Sr. Nuno Godinho de Matos neste caso. Desonestidade a vários títulos que não se atenua pelo facto da confissão pública com nítida falta de consciência da posição ridícula que assumiu a troco de uns patacos.

Nada impedia, porque até obrigava, o Sr. Nuno Godinho de Matos de se procurar inteirar dos factos mais relevantes traduzidos nos números publicados nas contas do banco. Se ele entendia que 2400 euros líquidos pagos pela presença em cada reunião não davam para olhar sequer para as contas, ou se desse olhar acontecesse não poder ver nada de anormal ou relevante, honestamente deveria demitir-se. Não o tendo feito, porque desonestamente continuou a aparecer e receber, deveria agora estar calado. Pretender serôdiamente eximir-se às suas responsabilidades, que ele, sobretudo como advogado, não pode desconhecer, e que não podem encontrar atenuantes na legislação ou nas eventuais responsabilidades de outros orgãos do banco, dos auditores ou dos supervisores (a cada qual as suas responsabilidades) é prova evidente que o entrevistado tem défice de carácter.

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