Há dias, comentei aqui o desproporcionado compromisso de Portugal no âmbito da Nato, uma desproporção traduzida no preço do esforço desse compromisso relativamente ao PIB quando comparado com os outros membros daquela organização de defesa militar.
Ontem ouvi, e hoje confirmei aqui, que "as Forças Armadas estão a contratar
empresas privadas para serviços de vigilância e segurança das suas
instalações. Segundo apurou o CM, a Marinha, por exemplo, já pagou quase
meio milhão de euros à empresa Grupo 8 por “ausência de recursos
próprios”.
Não é a primeira vez que anoto neste caderno de apontamentos a minha estranheza pelo recurso a empresas de segurança privada em muitas instalações de serviços públicos. Na maior parte destes casos, os agentes de segurança privada não realizam apenas funções de vigilantes e porteiros mas também outras tarefas que, seria esperável, fossem realizadas pelos funcionários públicos em serviço nessas instalações. Se há excessos de pessoal, e por essa razão o governo criou quadros de excedentes (obviamente remunerados) por que razão não são destacados alguns desses funcionários excedentes para a realização dessas tarefas e se recorre ao outsourcing? Nada me move contra os empregados em empresas de segurança privada, que frequentemente atendem os cidadãos utentes dos serviços com mais urbanidade que os funcionários públicos, mas é incompreensível o recurso ao outsourcing quando há funcionários remunerados sem colocação. E é sempre com a sensação de estar a passar por um aeroporto do terceiro mundo quando vejo toda aquela multidão amarelada de vigilantes aeroportuários, empregados de uma empresa de vigilância privada.
Mas a entrega da vigilância e segurança de instalações das Forças Armadas a empresa ou empresas privadas "por ausência de recursos próprios" mais do que surrealista é uma anedota estúpida se não for mais uma tramóia com que alguns enchem os bolsos com o dinheiro dos contribuintes. Andaram tantos a clamar tanto tempo que a reestruturação e redimensionamento do Estado, exigido até pela imparabilidade da dívida pública, passa pelo "corte das gorduras". Depois disseram que não encontraram gorduras que se vissem.
Cortem nas banhas!
---* Ciberdúvidas
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Correl.- As empresas militares privadas vieram para ficar?
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