Thursday, September 04, 2014

CRIME E RECOMPENSA

Sabe-se que quem manda no Jornal i não está do lado da PT. Em todo o caso, o artigo de ontem citado aqui reporta matéria de facto e esse facto é parte implícita do molho de escândalos com que descaradamente os gestores da PT se governaram à grande e à portugesa mancomunando-se com os seus principais accionistas, com particular destaque para Ricardo Salgado e família, de responsabilidade limitada.  Aliás, a manobra é conhecida, acontece um pouco por toda a parte onde e desde quando campeia o capitalismo sem rei nem roque: os gestores favorecem os accionistas maioritários, estes nomeiam e premeiam os gestores, pagam a factura os pequenos accionistas sem efectivo voto na matéria, e os trabalhadores se a empresa dá de lado. Se a empresa for um banco, pagam os contribuintes. 

Impávidos e serenos, quando os escândalos rebentam os supervisores dizem que não tinham dado por nada. Não tinham porque foram incompetentes ou porque, nas circunstâncias em que operam, não poderiam ter descortinado o evoluir das mascambilhas? Em qualquer caso são objectivamnte responsáveis porque não fizeram o que deviam: inspeccionar como lhes compete e que, para isso, lhes pagamos, ou denunciar a teia legislativa que não lhes permite desempenhar as funções que é suposto desempenharem com eficiência. O escândalo BES é enormíssimo, e torna-se cada vez mais evidente que é ingénuo quem compra a ideia que não serão os contribuintes a pagar o preço final das manobras dos banqueiros envolvidos. Mas o caso parceiro da PT é também de dimensões escandalosas e a notícia publicada pelo Jornal i apenas comprova o que já se sabia: o Sr. Zeinal vendeu a PT aos interesses dos Espíritos Santos antes de a vender à Oi, embolsando, ele e os coniventes,  chorudos bónus ao longo dos últimos anos com a primeira, e um lugar primeiro no poleiro brasileiro para o Sr. Zeinal com a segunda.

A Assembleia Geral da PT convocada para o próximo dia 8 tem um ponto único na agenda:  "Deliberar, sob proposta do conselho de administração, sobre os termos dos acordos a celebrar entre a PT e a Oi, no âmbito da combinação dos negócios das duas empresas". Tudo preparado, portanto, para atar e por ao fumeiro. Da CMVM não há sinais de vida.

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