O Economist publicou esta semana um vídeo - Heads they win - sobre a evolução da participação do sector financeiro no PIB em quatro países: Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos da América nos últimos cinquenta anos. A progressão em cada um dos países observados é impressionante mas das tendências contidas num intervalo relativamente estreito destaca-se o sprint do Reino Unido nos últimos dez anos.
O cálculo do PIB tem muito que se lhe diga. Em princípio, idealmente a finalidade da avaliação do PIB seria a medição da riqueza produzida por uma nação, um grupo, ou a totalidade delas. De facto o PIB mede o valor da riqueza adquirida por uma nação, uma sociedade, ou um conjunto delas, e só no valor total se iguala a riqueza produzida à riqueza adquirida. É um conceito económico desprendido de qualquer restrição moral, que agora até acolhe actividades não só moral como legalmente condenáveis.
Entre produção e apropriação de riqueza já tudo foi dito ainda que quase tudo continue discutível. Indiscutível, no entanto, é a evidência de que a riqueza registada em nome dos agentes financeiros, mesmo desconsiderando a legitimidade dos meios como foi obtida, tinha, na generalidade dos casos, a consistência das areias movediças. Entre nós, lamentavelmente, são poucos os casos que, pelo menos por enquanto, se podem considerar escapados à vaga de escândalos em que se atascou o sistema.
À escalada da progressão financeira correspondeu a progressão generalizada da desindustrialização ocidental. A excepção mais notável é a Alemanha. Não por acaso, é Frau Merkel Frau Europa.
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