Gonçalo Amaral decidiu em 2009 publicar em livro o seu entendimento acerca do que considerou (e supõe-se que ainda considera) "o envolvimento de Kate e Gerry McCann no desaparecimento da filha e na ocultação de cadáver." A venda do livro foi (mas mal) proibida por um tribunal de primeira instância, sentença que, no entanto viria (e bem) a ser anulada pela Relação de Lisboa. Na altura, o ex-inspector da Judiciária, desdobrou-se em entrevistas - vd. p.e. aqui - em defesa dos seus pontos de vista. Como seria muito esperável, o casal McCann colocou uma acção contra G Amaral "considerando terem sido violados direitos,
liberdades e garantias da família, pedindo uma indemnização de 1,2
milhões de euros ao inspetor da PJ que investigou o desaparecimento de
Madeleine, ocorrido a 3 de maio de 2007".
Depois de três adiamentos anteriores o julgamento foi agora novamente adiado porque o ex-inspector da Judiciária, Gonçalo Amaral despediu o advogado que o representava no caso por SMS. Estranhamente, este afirma desconhecer as razões da dispensa, alegando que "(estavam) numa fase boa do processo porque (conseguiram) demonstrar que o
casal McCann não tinham poder para representar a filha neste processo e
agora que agora (iam) confrontá-los com isso." E digo, estranhamente, porque o advogado que se considera dispensado sem justificação do seu constituinte alega que a dispensa "não são manobras dilatórias ...". Afinal, sabe. Uma esperteza de advogado a mangar com a cabra-cega, em conformidade com as regras do jogo.
Mas, ou me engano muito ou de nada valerá a G Amaral (e aos seus advogados) o pretexto processual invocado e a manobra do SMS de última hora se não tem nada a alegar substantivamente relevante em sua defesa. Na melhor das hipóteses a indemnização ficará muito aquem do pretendido porque as regras da casa regem-se por uma tabela do tempo dos afonsinos. Isto, depois de, eventualmente, correr a via torta até aos desembargadores, e, por aí adiante, até aos supremos e aos constitucionais.
1 comment:
Esta frase aqui é que tem graça:
"O advogado Santos de Oliveira, agora dispensado, recusa a acusação: "Manobras dilatórias? Isso não é comigo. Ando há demasiados anos na advocacia para me deixar envolver numa coisa dessas.""
(Esta aqui também não parece mal:
"Pela primeira vez em 35 anos de profissão vi um advogado com a procuração revogada a pedir ao juiz para fazer um requerimento a favor do antigo cliente. O juiz autorizou e o advogado pediu que a sessão fosse adiada, o que veio mesmo a acontecer.")
Post a Comment