Pedro Madeira, português, e a mulher, italiana, trabalham no Reino Unido, ambos têm pós graduações, falam varias línguas e são quadros superiores nas empresas onde trabalham: ele, para uma nova empresa tecnológica, ela numa empresa internacional de publicidade. No princípio da sua carreira, Pedro teve dois empregos: um, sem remuneração, que lhe permitiu subir na escada do emprego, outro, como recepcionista de hotel, para sobreviver. Nunca dependeram da segurança social.
Esta semana, conta Pedro ao Financial Times, "a minha mulher recebeu um panfleto do UKip (UK Independence party), pessoalmente endereçado, afirmando que "estão a chegar ao Reino Unido, provenientes da UE, 4000 pessoas por semana", apresentando a notícia como uma coisa má."
Pergunta P Madeira: Está o UKip preocupado com a entrada de pessoas altamente qualificadas, estrangeiros com ambições, ou com a "mão-de-obra barata" que pressiona os salários britânicos no sentido da baixa, como diz no panfleto?" "Quem está com medo de um pouco de concorrência da UE?".
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É a terceira vez que uso o título do apontamento de hoje neste bloco de notas (as outras, aqui e aqui), aquele que Bergman foi buscar a Shakespeare para a sua visão cinematográfica da eclosão do nazismo na Alemanha. Os nacionalismos, que estão longe de se expressar apenas através das palavras e dos actos dos partidos racistas e xenófobos, estão inscritos na generalidade no ADN dos povos europeus e são o maior obstáculo a uma integração politica que possa suficientemente consolidar a UE. Mas quando esse sentimento arreigado de nacionalismo é aproveitado pelas circunstâncias da crise pelos extremistas, as estruturas já levantadas correm sério risco de desabar e esmagar a paz europeia sonhada pelos homens que lançaram os alicerces da União. Nenhum espaço económico ou monetário é sustentável apenas na livre circulação de mercadorias e capitais.
No Parlamento Europeu, toda a gente sabe isso, não estão representadas diferentes visões estratégicas para o futuro da Europa sustentadas por convicções transversais aos interesses de cada país membro. Os nacionalistas defendem, coerentemente, reconheça-se, o fim da UE e o encerramento de portas aos trabalhadores estrangeiros, incluindo os da actual UE. Os outros, por oportunismo manhoso, nem querem falar do assunto. Se, como diz o outro, o futuro de Portugal passa pela Europa, que futuro vislumbram aqueles que se dizem europeístas convictos e se vão sentar em Estrasburgo após as eleições deste mês? Nenhum. Só querem garantir um emprego bem remunerado e demais honrarias anexas.
No Parlamento Europeu, toda a gente sabe isso, não estão representadas diferentes visões estratégicas para o futuro da Europa sustentadas por convicções transversais aos interesses de cada país membro. Os nacionalistas defendem, coerentemente, reconheça-se, o fim da UE e o encerramento de portas aos trabalhadores estrangeiros, incluindo os da actual UE. Os outros, por oportunismo manhoso, nem querem falar do assunto. Se, como diz o outro, o futuro de Portugal passa pela Europa, que futuro vislumbram aqueles que se dizem europeístas convictos e se vão sentar em Estrasburgo após as eleições deste mês? Nenhum. Só querem garantir um emprego bem remunerado e demais honrarias anexas.
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[…] qualquer um que fizer o mínimo esforço poderá ver o que nos espera no futuro. É como um ovo de serpente. Através das membranas finas pode-se distinguir o réptil já perfeitamente formado. Hans Vergerus / c/p aqui
[…] qualquer um que fizer o mínimo esforço poderá ver o que nos espera no futuro. É como um ovo de serpente. Através das membranas finas pode-se distinguir o réptil já perfeitamente formado. Hans Vergerus / c/p aqui
4 comments:
Genericamente vejo que o panorama pode servisto deste angulo, mas vendo doutro angulo = nunca tantos povos diferentes com linguas diferentes, construiram em tao poucos anos um espaço de circulação ,paz e harmonização de muitas regras tao grande como aqui na UE. Olhando para aIndia, EUA ou mesmo China não conseguem nemum decimo da integração e harmonia que nos conseguimos. A burocraqcia e a casta de previlegios protegidos que se está a criar em Bruzelas deve ser,concordo, prioritario denunciar. denunciar edestacar.
Não posso cncordar consigo quando refere a China, a Índia, e, sobetudo quanto aos EUA.
O racismo e a xenofobia existirão sempe por todo o lado. O problema da Europa é que o racismo, a xenofobia, o chauvinismo em ascensão na UE, decorrem de sentimentos nacionalistas antigos que estiveram na origem dos conflitos bélicos constantes praticamente desde que existem estados europeus. Que nem os feitos dramáticos da Segunda Guerra Mundial extirparam.
Não há nos EUA, como não há na China ou na Índia a progressão de partidos extremistas sustentados por propostas racistas como a que se observa na Europa.
Um líder que afirmasse nos EUA o que afirmam Le Pen ou Nigel Farage seria banido pela esmagadora maioria da opinião pública. Na Europa ganham todos os dias dmiradores e não no UK ou em França. Até em Portugal.
A questão está mal posta. O desemprego atinge de igual modo o norte e o sul da Europa. Evidentemente, os do sul (mesmo os mais habilitados) têm tendência em ir ocupar os empregos do norte – melhor pagos.
Mas o «problema» é outro:
A evolução exponencial da tecnologia está a acabar com o emprego (e ainda bem).
O desenvolvimento em passo acelerado da automação, da robotização e da inteligência artificial irá acabar, dentro de relativamente pouco tempo, com o emprego. Tal irá alterar radicalmente a economia:
As máquinas (crescentemente inteligentes) irão paulatinamente criando toda a produção sozinhas.
Concordo consigo, Diogo.
E se se der ao trabalho de ver o que escevi sobre o assunto, diversas vezes neste caderno, constatará que há vários ano que venho afirmando isso.
Aliás, penso que a muito longo prazo (onde já irei eu!) "quem quiser de trabalhar tem de pagar".
Mas nada disto invalida, do meu ponto de vista, o que afirmo neste apontamento: o recrudescimento dos nacionalismos na Europa constitui o maior perigo para a continuidade da UE e, por via disso, da paz.
Que, é bom recordá-lo, não durou até agora mais que sessenta e seis anos, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Esquecendo a guerra recente nos Balcãs e a actual na Ucrânia.
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