Monday, July 08, 2013

RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL

Para cumprimento do calendário previsto o PR recebe hoje à tarde o BE, o PCP e o PEV, e amanhã o
CDS, o PS e o PSD. Quarta-feira deverá haver governo presidido pelo senhor Passos Coelho e governado pelo senhor Paulo Portas. Com este enlace, o senhor Passos Coelho terá feito o seu melhor negócio nos últimos dois anos, o senhor Paulo Portas deverá estar convencido que fez o melhor negócio da sua vida. 
 
Passos Coelho continuará a ser nominalmente primeiro-ministro, terá sob a sua direcção os ministros com as pastas menos problemáticas se comparados com os brócolos do molhe comprado por Paulo Portas. Resumindo: a popularidade do senhor Passos Coelho tem tendência para subir do fundo em que bateu, a do senhor Paulo Portas, ou cai desalmadamente, e acaba-se-lhe a carreira, demitindo-se  irrevogavelmente de vez, ou sobe, e passa a perna ao senhor Passos Coelho.
 
De qualquer modo, a convivência será difícil depois das fitas da semana passada e da interferência a que Paulo Portas será obrigado se fizer aquilo a que se candidatou, como interlocutor com a troica, como reformador do Estado, para além da indefinição em suspenso da hierarquia a funcional entre ele e a senhora Maria Luís Albuquerque, espantosamente promovida à pressa a Ministra de Estado e das Finanças.
 
Tão difícil em termos de garantia de sucesso mas menos funcionalmente complicada será a actuação do duo Portas/Pires de Lima na revitalização da economia. O discurso mais procura interna, mais investimento, mais emprego, é aliciante mas só pega de um pé para o outro na bondosa imaginação do senhor António José Seguro. O insistente e quase exclusivo argumento de que a descida do IVA da restauração de 23% para 13% reanima a economia, cria milhares de empregos, e nos promete o princípio de um mundo melhor é uma fantasia que não resiste a uma breve reflexão séria sobre o assunto.
 
Há hoje menos gente a comer em restaurantes? Há sim senhor, mas só nos mais económicos. Quem desistiu de comer em restaurantes ou passou a escolher ementas mais em conta, fá-lo porque o que lhe falta não são 10% para pagar mais IVA mas 77% para pagar a refeição. Aliás, os preços em restaurantes económicos não subiram com o aumento do IVA, desceram em muitos casos com a redução da clientela. Perguntar-me-ão: Mas a taxa de 23% na restauração não é escandalosamente elevada? É. É na restauração como em todos os outros sectores sujeitos à mesma taxa.
 
Anote-se ainda que, apesar da obrigatoriedade da emissão de factura, são raros os restaurantes que, pedida a conta, apresentam um documento que sirva para o efeito.  

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