Monday, July 22, 2013

LUSÊXIT

Dívida pública portuguesa sobe para 127,2% do PIB até Março. É a terceira maior da UE e a sexta que mais subiu no primeiro trimestre.
A 10 de Março de 2013 anotei aqui,
"...,  nestas condições, se os devedores não podem pagar na totalidade as suas dívidas, a renegociação das dívidas é inevitável e os credores não poderão esquivar-se a corrigir as suas contas. E nós, a nossa vida." 
  
Repito-me,

Enquanto subsistir o encravamento de uma solução que torne a redução dos encargos da dívida para níveis suportáveis, a dívida continuará a crescer imparavelmente e a retoma económica continuará irremediavelmente comprometida.

A necessidade de renegociação da dívida, ou a mesma coisa com outro nome, é incontornável e, obviamente, depende em grande medida da capacidade negocial dos negociadores portugueses. Essa capacidade negocial só terá a força máxima se representar a maior maioria política possível. A recente ruptura das negociações para um compromisso interpartidário não constitui apenas um revés para CS porque levará, sobretudo, a uma solução que inevitavelmente será a curto prazo imposta pelos credores com custos acrescidos em consequência da fragilidade dos negociadores portugueses.

Há alguém que discorde disto?
Há, e são muitos.
Uns, para quem renegociar é claudicar.
Outros, para os quais claudicar é subscrever um acordo sobre uma estratégia comum sobre o assunto. E assim se prolonga o estado exangue do país.   

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Wolfgang Münchau assina hoje no Financial Times mais uma das suas habituais análises, desta vez, e mais uma vez, dedicada à dessintonia entre as medidas pretendidas por Wolfgang Schäuble e aquelas que os gregos, realisticamente, podem aceitar cumprir. A dois meses de eleições na Alemanha aquilo que Merkel e Schäuble não querem sequer ouvir é qualquer proposta grega de mais um hair cut da sua dívida pública. E, o entanto, essa possibilidade perfila-se cada vez mais como uma inevitabilidade.

Para Münchau colocam-se três questões acerca do imbróglio grego: Seria economicamente racional para Atenas seguir as directivas do sr. Schäuble? Atenas deverá preparar-se para sair do euro? Ou deverá declarar-se insolvente dentro da zone euro?

Portugal, dizia-se, não é a Grécia.
Talvez não. Mas os partidos políticos - todos, sem excepção - continuam afanosamente a trabalhar no sentido de superarmos os gregos.

1 comment:

Prata do Povo said...

Excelente artigo, concordo consigo, embora devamos trabalhar no sentido de conseguir uma solução que implique o menos grau de perdas para ambos os lados, e isso passa por recuperar a soberania monetária, voltar a um novo escudo, e se for necessário apanhar o comboio britânico, sair da UE e readerir à EFTA ao mesmo tempo que o RU, com o mesmo acordo de associação que eles andam a negociar.

Para conseguir essa façanha ter-se-á que pensar numa modalidade de escudo que seja honesta, sólida e sustentável, e é ai que eu suspeito muito que seja do interesse da esquerda Portuguesa (excepto PCP) e mesmo o PSD teria tendência para a promiscuidade para abuso sobre as reservas com negociatas vantajosas para os oligarcas de serviço.

A Grécia ficará melhor declarar insolvência dentro do euro, ficar mais um dois aninhos e depois sair (mas eles fazem tudo espalhafatoso e por isso vão se lixar).

Portugal deve reestruturar a dívida fora, uma pseudo-reestruturação declarando toda a dívida nacional em euros portugueses (que serão redenominados em escudos quando novas notas estiverem prontas para circular). Sendo que o acordo implicará o compremetimento oficial de não proceder a desvalorizações artificiais.