Talvez a afirmação seja chocante para muitos mas foi dita pela directora-geral do FMI, a francesa
Christine Lagarde, transmitindo a exigência do FMI: a Europa tem de limpar de vez o seu sistema financeiro. E a senhora Lagarde deve saber do que fala porque era membro do G8 como Ministra dos Negócios Económicos, das Finanças e da Indústria quando foi nomeada para o FMI. Aliás, a opinião de Lagarde não é original porque é comungada por outros, tidos por credenciados na matéria.
Escreve o correspondente do El País em Bruxelas que "Lagarde se atreveu a mandar a ferroada na presença do presidente do Eurogrupo, Jeoren Dijsselbloem e do comissário Olli Rehn: o problema é a banca." Mas Lagarde não se ficou por aí e reclamou ao BCE que active medidas não convencionais, que vá além das meras palavras porque, "o crescimento (na União Europeia) brilha pela sua ausência, o desemprego cresce e a incerteza é elevada, a zona euro continua vulnerável e pode vir a ser atingida por mais perturbações". "A banca europeia tem de corrigir os seus balanços, avaliar a magnitude dos problemas com um exame credível dos activos e ter preparado um plano de necessidades de recapitalização"
Segundo o El País "ninguém sabe quanto dinheiro falta: os grandes bancos alemães, franceses e holandeses empanturraram-se de activos tóxicos antes da crise, que ainda não foram declarados nas contas". "A situação exige uma resposta política integrada: limpeza do sistema bancário mas também a completa realização da união bancária de forma rápida, o incentivo fiscal da procura, a concretização das reformas estruturais necessárias" "Pede ainda o FMI ao BCE que reduza os juros e injecte mais liquidez"
Ironicamente, acrescenta o articulista que "a União Europeia já fez aquilo tudo (já decidiu fazer) mas ainda não fez (não concretizou) nada". E porquê?
Porque a União Europeia continua enredada em contradições congénitas, e não serão as eleições alemãs de 22 de Setembro que vão permitir ultrapassá-las. A senhora Lagarde sabe que os valores em jogo, que não são apenas nem sobretudo os valores pecuniários, não são domináveis pelo senhor Draghi e companhia; que a Europa é um puzzle cultural de peças de difícil ajustamento; que os franceses são tanto ou mais nacionalistas que os outros povos europeus e mais do que nenhuns outros olham com desconfiança sistémica para a eventual preponderância política alemã numa Europa mais politicamente integrada. Integração política sem a qual, por mínima que seja, a União Europeia continuará a fazer que anda mas não anda.
A Banca é o problema da Europa? É um problema urgente à espera da solução do problema mais decisivo. Poderá a urgência do primeiro provocar a solução urgente do segundo? Se isso acontecer será péssima a solução encontrada.
1 comment:
Awesome!
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