Rui,
Vamos por partes.
1. A rábula “Le Biané” é uma tentativa frustrada de ilustrar o fanatismo, na medida em que é redutora, ao identificar fanatismo com a predilecção irracional por um determinado clube, em vez de o tratar como fenómeno transversal a todos os clubes.
Conheci e conheço “bianéses” de todas as cores clubistas e de várias nacionalidades – e com QI’s de diversos tamanhos. Trata-se, de facto, de fanatismo “tout court”, já amplamente dissecado pelos sociólogos da praxe. Quanto a isto estamos, portanto, conversados.
2. Problema bem diferente é o da alegada necessidade de uma opção clubista para se gostar verdadeiramente de futebol, tese que dá pano para mangas mas que eu sustento pelas razões que passo a indicar.
Desde logo, quero esclarecer que me estou a referir ao futebol-espectáculo, por oposição ao futebol-desporto, em que o primeiro se destina a ser consumido pelos que a ele assistem e o segundo a ser fruído por quem o joga.
E donde resulta o espectáculo?
Da magia dos jogadores, com certeza, da excelência dos esquemas técnico - tácticos dos treinadores, sem dúvida, mas, sobretudo, do entusiasmo e fervor dos apaniguados e do ambiente que os rodeia.
Ampute-se o espectáculo deste último e decisivo elemento e que resta?
Deixo isso à imaginação de cada um mas aviso que dificilmente se livrarão de uma manifestação perfunctória e chata, não menos dissonante no julgamento dos lances mas destituída daquele não-sei-quê tão especial que transforma o pontapé na bola num turbilhão de emoções.
É neste contexto de legítima militância clubísta que se deve apreciar e compreender a ansiedade do amigo Luciano quando, por uma questão de boa educação, como é seu timbre, foi forçado a trocar um jogo a sério por um jogo a feijões. Não há QI que resista!
Um abraço
AM
Vamos por partes.
1. A rábula “Le Biané” é uma tentativa frustrada de ilustrar o fanatismo, na medida em que é redutora, ao identificar fanatismo com a predilecção irracional por um determinado clube, em vez de o tratar como fenómeno transversal a todos os clubes.
Conheci e conheço “bianéses” de todas as cores clubistas e de várias nacionalidades – e com QI’s de diversos tamanhos. Trata-se, de facto, de fanatismo “tout court”, já amplamente dissecado pelos sociólogos da praxe. Quanto a isto estamos, portanto, conversados.
2. Problema bem diferente é o da alegada necessidade de uma opção clubista para se gostar verdadeiramente de futebol, tese que dá pano para mangas mas que eu sustento pelas razões que passo a indicar.
Desde logo, quero esclarecer que me estou a referir ao futebol-espectáculo, por oposição ao futebol-desporto, em que o primeiro se destina a ser consumido pelos que a ele assistem e o segundo a ser fruído por quem o joga.
E donde resulta o espectáculo?
Da magia dos jogadores, com certeza, da excelência dos esquemas técnico - tácticos dos treinadores, sem dúvida, mas, sobretudo, do entusiasmo e fervor dos apaniguados e do ambiente que os rodeia.
Ampute-se o espectáculo deste último e decisivo elemento e que resta?
Deixo isso à imaginação de cada um mas aviso que dificilmente se livrarão de uma manifestação perfunctória e chata, não menos dissonante no julgamento dos lances mas destituída daquele não-sei-quê tão especial que transforma o pontapé na bola num turbilhão de emoções.
É neste contexto de legítima militância clubísta que se deve apreciar e compreender a ansiedade do amigo Luciano quando, por uma questão de boa educação, como é seu timbre, foi forçado a trocar um jogo a sério por um jogo a feijões. Não há QI que resista!
Um abraço
AM
1 comment:
Olá Artur, bom dia!
Obrigado pela resposta, já a coloquei no blog. Espero que gostes da
cor escolhida. Posso mudar.
O que não mudo é a história, que não é uma rábula, do LMSilva Marques.
Garanto-te que é autêntica. Acontece, que por ser uma situação limite,
aquela em que o adepto idolatrou um nome, parece inventada. Mas, se
reparares bem, o que é que sobra no subconsciente dos adeptos
ultracapturados pela ideia de um clube se não o nome deste e apenas
este? Tudo o mais é demasiadamente mutável para lhe incutir
referências. E é por essa ideia, que não passa de um nome, que o
adepto sofre se o resultado lhe for negativo mesmo que o espectáculo
não seja. Há uma sobreposição completa do nome sobre a criação.
Por mim, continuo a preferir o espectáculo aos nomes. Sempre me
intimidaram as idolatrias, quaisquer que fossem os altares.
Quanto ao colorido do espectáculo, não penso que ele obrigue a que uns
batam palmas e os outros assobiem, alternadamente.
Mas tenho de reconhecer, neste caso, que uma coisa é o que eu penso e
outra aquilo que a esmagadora maioria daqueles que vão ao futebol
pensam. Dessa esmagadora maioria, contudo, destacam-se as claques
organizadas, acerca das quais escrevi um pequeno apontamento no Sábado
que intitulei "A segurança dos Hunos". Se tiveres algum tempo, passa
por lá.
Um abraço
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