Tuesday, January 15, 2008

CANDIDES

Ouvi no noticiário da noite da Antena 1 Miguel Cadilhe a estranhar e lamentar o comportamento dos grandes accionistas do BCP (uma minoria de accionistas que deu a Santos Ferreira 97,7% dos votos) ao subordinarem-se, e subordinarem os interesses do Banco ao seu conluio com o Governo; ao mesmo tempo que realçava a reprovação dada por cerca 800 pequenos accionistas (a esmagadora maioria que deu a Miguel Cadilhe) acerca do mesmo concluio.
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As considerações de Miguel Cadilhe só podem ser lidas em registo irónico porque ele sabe, toda a gente sabe, que a pacificação do saco de gatos à volta do nome de Santos Ferreira tem uma esplicação clara: Era Santos Ferreira que, enquanto presidente da Caixa, dava carapaus aos felinos; é o mesmo Santos Ferreira quem vai continuar, enquanto presidente do BCP, a distribuir-lhes as rações que precisam. Não há, portanto, subordinação mas cooperação estratégica. Subordinados e delapidados ficam os interesses dos pequenos accionistas, e esses só têm uma saída: sair.
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Cândidido, parece ter sido também Pinhal, em registo dramático, na hora da despedida, ao apontar Constâncio como responsável pela incapacidade dos administradores pós 1999 se candidatarem na Assembleia de hoje: Constâncio sugeriu-lhes que eles não se deveriam candidatar, eles acham iníqua a recomendação de Constâncio mas acataram-na. Por quê? Se a insinuação era torpe porque se vergaram os administradores alvo da suspeita não demonstrada?
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Ficou, no fim da festa, um gato à solta: Berardo.
Não lhe deixaram (por pouco) presidir à Comissão de Vencimentos, o que é muito significativo das intenções da maior parte dos gatos em continuar a pagar principescamente a quem lhes atira o pescado, e Berardo não perdeu tempo a avisar que ficará livre para continuar a denunciar. Ainda um dia destes veremos Berardo a apoiar Cadilhe.
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Quanto a Santos Ferreira não tem alternativa senão continuar a alimentar os gatos. Ainda que de forma discreta, como é seu timbre. Enquanto existir BCP.

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