Não sei o que é que Cavaco Silva vai dizer hoje no seu discurso durante a abertura do ano judicial, onde vai encontrar a fina flor dos agentes da justiça.
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Mas sei o que gostaria que ele dissesse: Que governo e oposição não podem continuar a contornar a questão do financiamento dos partidos, que está na origem de muitos crimes de corrupção atingindo gravosamente os interesses do Estado; porque é à sombra da promiscuidade entre interesses privados e alguns representantes dos interesses públicos que a corrupção alastra e destrói o tecido social; que a justiça continua desacreditada e a corrupção é um dos afloramentos mais salientes desse descrédito profundo; que o descrédito da justiça é o factor mais impeditivo do crescimento económico e social. Ninguém, de boa fé, investe onde campeia a prática da corrupção e a impunidade no incumprimento dos contratos.
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Hoje, no jornal da manhã da Antena 1, João Cravinho repetia, a partir de Londres, para onde foi exilado, segundo Medina Carreira, o que vem dizendo há muito tempo: A sua proposta anti-corrupção foi amputada e o que resta dela continua a penar nos corredores da AR sem que alguém se mostre interessado e capaz de a fazer vingar.
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Assim, não passaremos da cepa torta. A prova mais provada que há corrupção de Estado, e que ela envolve gente que está ou esteve bem colocada nos degraus superiores da administração pública, está no facto de tanto o governo como a oposição não se mostrarem dispostos a mexer uma palha da esteira que envolve o escândalo.
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Até que apareça alguém disposto a dar o nome aos bois.
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