Atravessamos um tempo de pessimismo generalizado, global. De manhã, antes das sete, ouvimos que as bolsas cairam na Ásia e estão a começar a cair na Europa; daí a sete horas, começará a cair Wall Street. Os que sabem do assunto, ou passam por isso, dizem que a economia mundial não vai arribar no primeiro semestre, outros que, provavelmente, ainda sabem mais, dizem que em 2008 vai ser sempre a descer. Não há revisão digna desse nome que não seja em baixa. No meio do coro desafina o governo português, e sobretudo o seu chefe, assobiando o cochicho. Caiem-lhe em cima a oposição e a suposição mas ninguém demove Sócrates da desafinação.
A mim, parece-me bem a desafinação de Sócrates. Alguém ganharia alguma coisa com a afinação de Sócrates com o coro lamentativo? Duvido. E alguém ganhará? Provavelmente.
Um francês, que terá arribado a estas paragens em dia soalheiro e deparado com um grupo de gente simples terá ficado surpreendido com o ar satisfeito que viu à volta, ainda que mais à volta o cenário não fosse risonho, salvo o Sol, e terá concluído que "les portugais sont toujours gais" e a observação tornou-se a lenda. Conclusão errada porque a maior parte dos portugueses anda geralmente com cara de quem carrega com todas as desgraças do mundo às costas. A maior parte anda deprimida, e para confirmar esta tendência para o pessimismo crónico, estão as sondagens à opinião pública que, persistentemente, dão conta deste angustiado estado de alma da generalidade dos portugueses.
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