O BE decidiu-se por uma moção de desconfiança ao Governo. Está no seu direito mas ninguém vai passar a desconfiar mais nem menos depois do evento.
O BE queria um referendo para ter ribalta. Como o Governo não lhe faz a vontade, nem a vários outros espíritos inquietos, entendeu levar a mentira de Sócrates a julgamento do parlamento. Mas, a serem verdadeiras as conclusões que há dias aqui transcrevi acerca do charme da mentira, o tiro do BE vai sair-lhe pela culatra e aumentará ainda mais a popularidade de Sócrates.
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Dando por adquirido que Sócrates prometeu o referendo e agora o recusa, a sua inversão de marcha (a sua mentira, se quiserem) é boa ou má? Devo criticá-lo ou bater palmas?
Eu bato palmas.
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Votei em Sócrates para não votar em Santana. Qualquer outro voto está fora do meu espectro de opções políticas. Quando votei em Sócrates não votei nele por que ele prometeu o referendo, nem deixei de votar nele por causa dessa promessa. Mas era e sou convictamente contra o referendo a tratados por ver neles um instrumento perigoso de populismo e de demagogia.
Se Sócrates prometeu e não cumpre, neste caso, coerentemente, bato palmas.
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Quantos estarão no meu caso? A julgar pela participação em referendos anteriores (regionalização e aborto) o interesse dos eleitores portugueses é baixo, ficou sempre aquem dos 50%. Daqueles que votaram em Sócrates, quantos fizeram da promessa de referendo a principal razão para votar nele? 5%, 10%, 20%?!!!
Admitamos 20%. Contas feitas, no máximo 10% estarão desiludidos com a promessa não cumprida. Dos restantes 90%, grande parte não achará o assunto suficientemente relevante, muitos, como eu, aplaudem.
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Não é por aí que Sócrates baixará nas sondagens. Prevejo que subirá.
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