Tuesday, April 17, 2007
QUANTO MENOS FLEXÍVEL, MELHOR?
Em a destreza das dúvidas comenta-se um estudo que conclui que, contrariamente à opinião generalizada de que a falta de flexibilidade laboral provoca o aumento de desemprego, o desemprego aumenta com a flexibilidade.
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Comentei:
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Que uma maior flexibilidade das leis do trabalho reduzem o desemprego, e que o salário mínimo pode aumentá-lo, têm sido as conclusões resultantes da comparação entre o crescimento nos EUA e na União Europeia (maior crescimento nos EUA, menor desemprego, muito mais baixo salário mínimo); o que falta confirmar é se aquele maior crescimento se deve aqueles factores ou outros. A este propósito, convido-o a ver um "post" ( http://aliastu.blogspot.com/2007/03/contos-americanos-flexibilidade-laboral.html) correlacionado com este assunto.
Recentemente, um estudo apresentado na reunião anual da Royal Economic Society, citado pelo Financial Times (vd. http://aliastu.blogspot.com/2007/04/o-salrio-mnimo-visto-geralmente-pelos.html) concluía que a introdução do salário mínimo no UK estava a aumentar a produtividade.
Existem, portanto, conclusões muito divergentes acerca dos efeitos da flexibilidade salarial e do salário mínimo sobre o emprego, a produtividade e a produção. Essas divergências decorrem, do meu ponto de vista, da simplificação dos modelos que eliminam factores que são preponderantes se não os mais decisivos, e que diferem no espaço e no tempo.
No caso dos EUA, a conjuntura actual caracteriza-se por uma sustentação do crescimento pelo consumo e pelo investimento na habitação, financiados em grande medida pelos principais fornecedores, nomeadamente a China. Em que medida é que a flexibilidade salarial e os salários mínimos, muito mínimos, interferem, não sei.
Só sei que o Washington Post nos é distribuído à porta às 6 da manhã, que nos supermercados nos colocam as compras no saco, e nos levam o saco ao carro, se quisermos. Se esta gente tivesse um regime laboral rígido ou auferisse um salário mínimo de 1500 euros (proposta de Ségolène Royal para França), seguramente que estes postos de trabalho não existiriam. Mas também é preciso acrescentar que alguns deles são pluriemprego.
(vd. ttp://aliastu.blogspot.com/2007/03/contos-americanos-flexibilidade-laboral.html)
E também é fácil perceber que muitas deslocalizações realizadas de Portugal para países do Leste têm como razão principal os custos laborais.
O que vale menos? Perder emprego ou perder salário?
Hoje, de manhã, a rádio noticiava que na Alemanha, a Deutsh Telecom propôs a redução de 12% dos salários garantindo, em contrapartida 50 mil postos de trabalho. Os sindicatos estão a analisar. Em Portugal os sindicatos, provavelmente, estariam já a orquestrar uma manifestação à porta da empresa.
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2 comments:
O que pensa das implicações para os mercados de trabalho na Europa e EUA resultantes da deslocação de emprego para a India, China e outros países com mão-de-obra barata que se tem verificado nas últimas decadas?
Pois não acho que seja chata nenhuma. Bem vinda ao mundo da blogosfera!
Quanto à sua pergunta, o que eu acho é que a globalização não é irreversível mas seria muito problemático que se voltássemos a um mundo com mais fronteiras.
De modo que, não temos alternativa no Ocidente se não fazer melhor que os orientais para merecermos rendimentos superiores, ou pelo menos o mesmo para termos proveitos iguais. Se produzirmos pior (menos ou menos valorizado)inevitavelmente teremos rendimentos piores.
Não vejo que possa ser, de qualquer modo, de forma diferente.
Aliás, o problema não será no futuro uma questão oriente-ocidente mas uma questão de competência relativa, independentemente do local onde nos encontramos.
Sei lá se V. não está em Hong-Kong e eu em Helsínquia!
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