A liberdade, dizia-se no tempo do outro senhor doutor, servia em Portugal para dar o nome às Avenidas. Hoje a liberdade serve para muita coisa, inclusivamente para ser abusada. Há muita gente que se diz liberal, não porque a preze por aí além, mas porque a liberdade pode ser, e muitas vezes é, usada contra ela própria.
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Um dos exemplos mais recentes desta utilização sofismada da liberdade foi a posição do PS ontem assumida na Asembleia da República ao votar contra uma proposta que pretendia combater a corrupção: com o argumento de que essa proposta colocaria em perigo os direitos de todos os cidadãos, e seria portanto inconstitucional, o PS impediu que fossem desvendados alguns dos seus "rabos-de-palha" e, por tabela, todos os rabos que por aí se exibem sem que se possa intimá-los a mostrarem as cabeças.
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Noutro plano e noutro quadrante, se ouvem e lêem discursos "libertários" onde a liberdade é meramente instrumental dos seus objectivos, que são outros, e muitas vezes pretendem atentar contra a liberdade.
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A este propósito, coloquei comentário a "liberdade de expressão" no Blasfémias:
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"Há neste seu texto contradições, propositadas ou não, que, de tão evidentes, deixam o rabo de fora.Acontece geralmente a quem quer começar por adaptar o seu discurso primordial ao politicamente correcto e só depois dar a volta.
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V. começa por referir que "Instigar alguém à prática da violência, fazendo-o de forma séria e eficaz, é um tipo legal de crime em qualquer Estado de direito digno desse nome."
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Desde logo, o qualificativo "séria" induz uma posição subliminar que se lhe escapa, suponho, por descuido.Porque "séria" pode ter significados múltiplos mas nenhum que seja antónimo...Portanto a forma "séria" de que fala pode ser, no seu entender, uma forma honesta.
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Sem querer, V. trai-se ao considerar crime (...) desde que seja realizado de uma forma honesta. Pode ir buscar outros significados que não andará longe desta conclusão contraditória.
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Depois refere "de forma eficaz"...Neste seu sentido, os crimes dos nazis, por exemplo, só o foram nos casos em que se concretizaram nos crematórios,... se é que os crematórios existiram!
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O texto é relativamente longo mas eu não vou por razões óbvias alongar-me.Há um aspecto em que estamos de acordo: Precisamos de um texto constitucional europeu. Mas, no meu entender, esse texto, mesmo que seja mínimo, ou inclui inequivocamente a reprovação de todos os actos que de alguma forma promovam o racismo e a xenofobia, ou a União Europeia desintegrar-se-á, e com essa desintegração voltará a guerra.Há muitos sintomas disso à volta. Só não repara quem não quer ver.
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"Há neste seu texto contradições, propositadas ou não, que, de tão evidentes, deixam o rabo de fora.Acontece geralmente a quem quer começar por adaptar o seu discurso primordial ao politicamente correcto e só depois dar a volta.
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V. começa por referir que "Instigar alguém à prática da violência, fazendo-o de forma séria e eficaz, é um tipo legal de crime em qualquer Estado de direito digno desse nome."
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Desde logo, o qualificativo "séria" induz uma posição subliminar que se lhe escapa, suponho, por descuido.Porque "séria" pode ter significados múltiplos mas nenhum que seja antónimo...Portanto a forma "séria" de que fala pode ser, no seu entender, uma forma honesta.
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Sem querer, V. trai-se ao considerar crime (...) desde que seja realizado de uma forma honesta. Pode ir buscar outros significados que não andará longe desta conclusão contraditória.
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Depois refere "de forma eficaz"...Neste seu sentido, os crimes dos nazis, por exemplo, só o foram nos casos em que se concretizaram nos crematórios,... se é que os crematórios existiram!
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O texto é relativamente longo mas eu não vou por razões óbvias alongar-me.Há um aspecto em que estamos de acordo: Precisamos de um texto constitucional europeu. Mas, no meu entender, esse texto, mesmo que seja mínimo, ou inclui inequivocamente a reprovação de todos os actos que de alguma forma promovam o racismo e a xenofobia, ou a União Europeia desintegrar-se-á, e com essa desintegração voltará a guerra.Há muitos sintomas disso à volta. Só não repara quem não quer ver.
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