Thursday, April 19, 2007

ACERCA DO AZEITE

Caro João,
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Acabo de ler a carta que me enviaste e que te agradeço muito. É um assunto que tem o máximo interesse, sobretudo para as gerações mais novas, às quais tu, felizardo, tens a sorte de pertencer. Para mim, que ainda sou do tempo da candeia de azeite e do candeeiro a petróleo, a questão interessa-me, sobretudo, do ponto de vista dialéctico. Como não tenho responsabilidades nem interesses na matéria que excedam as do vulgar cidadão, o gozo que estas questões me dão é escutar os argumentos de um lado e do outro, assim como quem vê um desafio de futebol mas não é partidário de nenhuma das equipas. Por mais estranho que pareça, há criaturas destas, e eu sou uma delas.

De modo que, sem discutir os pormenores, porque me falta competência para tanto, há um aspecto em que não concordo com Delgado Domingos, que, suponho, tem o teu apoio: quanto a mim, a proposta do PR é de aplaudir porque o assunto é importante demais para ser propositadamente esquecido. Ainda que se trate de uma má opção, discuti-la é a melhor forma de a condenar. Se, por convencimento próprio, uma ideia nos repugna e repugna-nos discuti-la, na melhor das hipóteses poderemos ser ultrapassados pelos desenvolvimentos futuros.

Discutamos pois sem preconceitos. Parece que, a despeito do nuclear, o azeite ensinou à verdade a forma de vir ao de cima. Voltemos ao azeite, portanto, se for essa a melhor opção.

Um abraço

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O Presidente da Republica e a Energia Nuclear
2007-04-16 16:51 posted by: José Delgado Domingos
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De acordo com a LUSA, Notícia SIR-8910982 de 11-04-2007:
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“Em Riga, na Letónia, O Presidente da República, Cavaco Silva, afirmouque não tardará muito para a energia nuclear começar a ser abertamentedebatida em Portugal.(...) É difícil evitar a sua discussão, surgirá mais dia, menos dia",disse o Presidente à saída da conferência de imprensa do "Grupo deArraiolos"."Se não for descoberta outra fonte de energia como o hidrogénio, onuclear terá de ser debatido em Portugal de forma mais aberta"Esta posição de Cavaco Silva é periodicamente repetida desde a suacampanha eleitoral e pressurosamente difundida pela LUSA (e não só...)seguida das declarações do financeiro Patrick Monteiro de Barros (autorda proposta de uma refinaria em Sines cuja concretização dependia de seatropelar legislação relevante e da concessão de mais de mil milhões desubsídios injustificados) ou de seus colaboradores, na defesa demiraculosas centrais nucleares em Portugal, como solução para os gravesproblemas energéticos do país.Se não se tratasse do Presidente da República, as declarações referidasseriam motivo de galhofa quanto ao hidrogénio (o hidrogénio não é umafonte de energia, como afirma, mas sim uma forma de armazenar etransportar energia obtida de fontes primárias.). Por se tratar do PR,que significado a atribuir à afirmação de que “o nuclear terá de serdebatido em Portugal de forma mais aberta" ?Citando apenas de memória e relativamente ao ultimo ano, a energianuclear foi objecto de uma conferencia organizada pela Ordem dosEngenheiros e patrocinada pelas Associações Empresariais (CIP,AEP,AIP)intitulada “ENERGIA NUCLEAR-o debate necessário” (o programa e os textospodem ainda encontrar-se emhttp://www.ordemengenheiros.pt/Default.aspx?tabid=1874), a que seseguiu, nessa mesma noite, um debate sobre o tema na“SIC-Noticias:Expresso da Meia Noite”. Ainda durante 2006, O CDS/PPorganizou um conjunto de debates sobre o tema a que a comunicação socialdeu relevo (O Eng. P.Sampaio Nunes, vice presidente do CDS/PP,colaborador muito próximo e sócio do Sr. Monteiro de Barros naENUPOR-Energia Nuclear Portugal fez uma tournée pela país promovendo onuclear e oferecendo milhões às autarquias que o aceitassem). O PS,através do seu IED ( Intituto de Estudos para o Desenvolvimento) iniciouum significativo e alargado debate sobre o problema energéticoportuguês, o último dos quais em Fevereiro de 2007, exclusivamentededicado à energia nuclear. A ele se segue, em 8 de Maio próximo (com opatrocínio da REN, da Galp Energia e da Fundação Gulbenkian) umaconferência sobre “Segurança Energética: uma questão central da politicaenergética”.Em Novembro de 2006, dois conhecidos e prestigiados jornalistas,Nascimento Rodrigues e Virgílio Azevedo, publicaram o livro “NUCLEAR, odebate sobre o novo modelo energético em Portugal, CENTROATLANTICO.PT” ,com a colaboração dos mais conhecidos protagonistas na discussão do temaem Portugal. Além disso, o ex-ministro de Cavaco Silva, Eng. MiraAmaral, publicou “Energia e Mercado Ibérico “ , típico de uma certavisão da energia, do nuclear e de algumas populares miragenstecnológicas. Um comentário a este livro e intervenções minhas sobre otema, ao longo de mais de 30 anos, podem ser consultadas emhttp://jddomingos.ist.utl.pt .Para além destas, muitas mais realizações houve onde o tema foilargamente debatido por especialistas nacionais e estrangeiros,certamente estimulado pela Cimeira da Primavera (8-9 Março de 2007) , naqual os chefes de Estado e de Governo da União Europeia se iriampronunciar sobre as opções energéticas da UE na sequencia dasiniciativas da Comissão Europeia sobre a energia. A posição do governoportuguês sobre o assunto foi claramente enunciada pelo primeiroministro horas antes do inicio da Cimeira ao afirmar:«Os países que quiserem tomar a opção pelo nuclear, façam o favor. EmPortugal, não, o nosso caminho está definido».Tendo em conta todas estas realizações, a atitude do PR é preocupanteporque se insere na esteira da repetida mas infundada afirmação de que é(ou tem sido) tabu discutir a energia nuclear em Portugal, fazendoesquecer o véu de silencio sobre contratos como os da Lusoponte, ou dosPIN, para já não referir o aeroporto da Ota ou a Constituição Europeia,assuntos bem mais actuais e importantes para Portugal do que a opção porconstruir ou não centrais nucleares. Afirmar e reafirmar, contra toda aevidência factual que «o nuclear terá de ser debatido em Portugal deforma mais aberta» é aderir, consciente ou inconscientemente, àestratégia, nem sequer original, que visa desacreditar os que se opõem,procurando associá-los a ignorantes anti-progresso. Vindo de quemconsidera o hidrogénio uma fonte de energia é simplesmente lamentável,como lamentável foi a promoção e protecção que deu a universidades dotipo da Independente sem qualquer espécie de consulta ou debate público.Para quem acompanha o debate sobre a energia nuclear há tantos anos, éevidente que os promotores do nuclear só têm de queixar-se de sipróprios pelo generalizado descrédito em que caíram, quando a prometidaenergia abundante, barata limpa e segura foi confrontada com a durarealidade dos factos (mesmo em termos estrita¬mente económicos). Parailustração caseira dos métodos utilizados, basta documentar um exemplo.No livro acima citado, de Nascimento Rodrigues e Virgílio Azevedo,página 156, o Sr. Patrick Monteiro de Barros afirma:“ é importante verificar que há uma maioria favorável ao nuclear e ofacto de uma sondagem online, feita pelo Diário de Notícias(18/06/2006), com mais de 16000 inquiridos indicar que 70% estão a favor...” (...)”Esta sondagem só vem confirmar duas anteriores feitas peloExpresso com resultados a favor de cerca de 62% (Julho de 2005) e de 52%(Março de 2006).Esta percentagem de pessoas é das mais altas da UE ...”.A notícia do Expresso de 2006, objecto de título a toda a largura da 1ªpágina foi objecto de reclamação do Presidente do MPT para a entãoautoridade superior da comunicação social que censurou oficialmente osemanário por ter dado uma notícia sem fundamentação. Por outro lado,quem consultar o “Special Eurobarometer , Attitudes towards Energy”(Eurobarómetro Especial -247), da Comissão Europeia, publicado emJaneiro de 2006 pode constatar que em Portugal apenas 5% são favoráveisà Energia Nuclear contra a média de 12% na Europa dos 25. Mesmo emFrança, o campeão europeu da energia nuclear, apenas 8% se manifestarama favor do seu desen¬volvimento. Um novo Eurobarómetro, publicado em2007, em que especificamente se pergunta se a energia nuclear deveaumentar ou ser reduzida na UE, mostra que 61% consideram que deveriaser reduzida; 29% que deveria aumentar e 10% não sabem. Quanto aPortugal - 57% entendem que deve ser reduzida, 23% aumentada e 20% nãosabem. Em França, temos 59%, 28%, 13%, respectivamente .A infor¬ma¬çãopode ser consultada emhttp://ec.europa.eu/public_opinion/archives/
flash_arch_en.htm#206aA importância da questão energética para a Europa, e a posição assumidapela Comissão Europeia deram origem a um aceso debate na EU sobre orecurso à energia nuclear como opção estratégica. Todavia, goste-se ounão, muitas das questões nem sequer se põem em Portugal devido à suasituação geográfica e dimensão de mercado. Efectivamente, a potênciamínima para que um reactor nuclear seja economicamente viável, os custosde abastecimento para as paragens programadas e os custos de segurançaafastam liminarmente, por simples questões de dimensão, a viabilidadeeconómica de centrais nucleares em Portugal. Pensar em termos ibéricosnão faz sentido quando o governo espanhol confirma a apresentação do seuplano para o encerramento de TODAS as centrais nucleares espanholas numprazo de 30 anos. Por estas e muitas das outras razões discutidas nosdebates já havidos em Portugal o Governo tomou a decisão correcta e háproblemas bem mais actuais e urgentes onde investir recursos. Tal nãosignifica que não acompanhemos de perto a discussão a nível europeu. Épor isso da maior oportunidade referir o comunicado conjunto dosMinistros do Ambiente da Irlanda, Áustria, Islândia e Noruega, de 27 deMarço de 2007 em que afirmam:“ Exprimimos as mais sérias preocupações sobre a defesa que vem sendofeita da energia nuclear como uma solução para as alterações climáticas.(...) O debate actualmente em curso procura desvalorizar as questões doambiente, dos resíduos, da proliferação e da segurança, procurandoapresentar a energia nuclear como uma energia limpa, segura e semproblemas (...).A natureza transfronteiriça dos riscos associados à energia nuclear(...) e o regime específico de responsabilidade internacionalactualmente em vigor para a indústria nuclear não contempla umacompensação abrangente para os danos e prejuízos potenciais e constituium subsídio escondido a essa indústria.A realidade é que após 50 anos de energia nuclear a questão dos resíduospermanece na maior parte intratável, (...) continuando a aumentar olegado da indústria nuclear para as gerações vindouras com muito poucaevidência de qualquer real implementação de soluções para o problema dosresíduos. O reprocessamento dos resíduos nucleares, advogado como solução para a gestão dos resíduos nucleares já há muito perdeu o seubrilho e hoje a indústria nuclear permanece económica e ambientalmenteinsustentável.Continuaremos a insistir com os países com instalações nucleares paraque encarem com decisão as questões não resolvidas que decorrem da suaoperação, nomeadamente questões de segurança, riscos de poluição,descargas radioactivas, responsabilidade nuclear, resíduos e riscos deproliferação.”http://www.regjeringen.no/Upload/MD/
Vedlegg/Internasjonalt/Sellafield/Ministerial_Statement_Dublin2007.pdf.A Áustria tem uma central nuclear que nunca entrou em funcionamento. AIrlanda não tem nem nunca teve centrais nucleares e é neste momentoapontada como o exemplo de progresso e prosperidade económica que aadesão à UE proporcionou. Com as ajudas comunitárias investiu naformação e qualificação profissional, na investigação tecnológica e nasUniversidades em detrimento de auto-estradas, especulação imobiliária emiragens tecnológicas.José J.Delgado Domingos

2 comments:

Rui Fonseca said...

Boas Notícias,

World Bank aims to increase funding for renewables by 40%
*/16-APR-2007/*

The World Bank is aiming to increase its funding for renewable energy
projects by up to 40%, increasing the money available from $7 billion
over the last three years to $10 billion over the next three years.

The announcement was made by the World Bank on Friday following the
approval of the plan by the Bank's governing board.

Sub-Saharan Africa is likely to be specifically targeted by any new
funds, with emphasis being on the reduction of carbon emissions,
increased energy supply and an enhanced ability to cope with the
realities of climate change.

The next stage will see the plant go to the World Bank's member states
for approval

Rui Fonseca said...

O comentário anterior foi remetido por João Vaz