A globalização de que tanto se fala, já se sabe que é mais global para uns do que para outros. Deste facto resulta que, por exemplo, uma libra de bananas nos EUA custe, nos supermercados, menos de metade do que o mesmo peso de batatas. E a razão é simples: os EUA não produzem bananas mas produzem batatas. A protecção governamental aos produtores de batatas norte-americanas explica a diferença.
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Confrontada com o persistente acumular de déficits comerciais, a actual administração norte-americana decidiu avançar com sanções económicas (é o termo usado pelo Washington Post de 31/3, último) à China com o objectivo de proteger os produtores norte-americanos de papeis dos subsídios governamentais atribuidos pelos chineses aos seus produtores. Esta acção representa um recuo de 23 anos na política comercial norte-americana relativamente à China, reconsiderada agora como não economia de mercado.
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A acção de retaliação concretiza-se no aumento dos direitos aduaneiros na importação de "glossy paper", que está bem longe de ser um item importante da balança comercial sino-norte americana, dos actuais 10,9% para 20,4%, e entra em vigor imediatamente. Este precedente poderá abrir idênticas resoluções em outros sectores industriais, desde o aço aos equipamentos domésticos. Durante duas décadas, os sucessivos governos dos EUA sempre entenderam que as companhias norte-americanas não tinham legitimidade de reclamar dos subsídios governamentais atribuidos em economias "não de mercado", como era o caso da China. Tal posição mudou agora.
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Os sindicatos que integram os trabalhadores das fábricas de papeis já se regozijaram com a decisão que, dizem, proteger os seus colegas de 22 fábricas de "glossy paper" em 13 Estados.
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A China recorreu da decisão mas o Tribunal de Comércio Internacional dos EUA negou-lhe provimento.
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Começou a "guerra do papel" norte-americana? Os subsídios, já se sabe, podem insinuar-se de mil e uma maneiras. De alguma forma os EUA subsidiam os seus produtores de batatas. Os chineses não tardarão a descobrir como.
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