Thursday, December 21, 2006

QUANTO NOS CUSTA A PORCARIA DO APITO?



Vista à distância, a saga do “apito dourado” e capítulos correlativos parece mais uma história do “Patilhas & Ventoinha”, que um assunto sério que devesse interessar meio mundo.

E, no entanto, o assunto alimenta a discussão pública, a imprensa e a televisão, as editoras, a rádio, afinal todos “media” incluindo os blogues.

O futebol já não se contenta em monopolizar os interesses mais debatidos pelos portugueses, independentemente dos seus credos políticos, religiosos, ou do seu estatuto social, em função das peripécias das últimas jornadas, e arrasta tudo e todos para o voyeurismo masoquista e sádico das suas defecações.

No entretecer desta teia o Estado tem culpas de monta. O futebol profissional há muito tempo que deixou de ser desporto para passar à condição de negócio. E como negócio devia ser enquadrado legalmente pelo Estado em todas as suas vertentes, sem favoritismos de qualquer espécie, eventualmente apoiado no caso da “representação nacional”, uma vez que o vírus já se encapsulou de tal modo nos discursos políticos de todos os quadrantes que não seria realista apontar para a limpeza total.

No caso concreto do “apito dourado”, se alguns árbitros foram comprados e alguns compradores foram surpreendidos, cumpria aos clubes lesados solicitar a intervenção da Polícia e da Justiça, pagando os preparos e arcando os condenados com as custas. Ao Estado não deveria competir se não disponibilizar os meios para que justiça fosse feita a quem a pedisse em igualdade de circunstâncias com outras actividades económicas.

Não sendo o caso em questão susceptível de merecer apoio jurídico, porque nenhum dos intervenientes é indigente, o processo devia ser objecto de abertura de uma “folha de obra” e computados os custos em função das horas trabalhadas por sua conta pelos diferentes intervenientes, desde os juízes aos motoristas de qualquer modo chamados a contribuir para a realização da justiça solicitada. Sobre esses custos deveriam ser acrescidos os custos indirectos de administração da justiça, imputáveis pró-rata em função dos custos directos. A conta, no fim de contas a factura, deveria ser apresentada aos condenados pelos juizes a pagá-la.

Nada do que se sugere em termos de cálculo é novo, qualquer honesta oficina de mecânica procede assim.

Só deste modo saberíamos quanto nos custa a porcaria do apito.
E se cada um de nós tem de pagar a factura da reparação do seu carro porque razão é que todos temos de participar nos custos das reparações de rombos e roubos que são da responsabilidade de outros, independentemente de os figurantes andarem ou não atrás de uma bola?

No comments: