A última edição do Economist deste ano dedica a capa, o editorial e um artigo à medida da felicidade. A questão é por demais candente mas está longe de ser nova. A novidade estará no facto de começar a ser uma nova forma de análise económica, a qual, até agora, tem sido sustentada na premissa fundamental de que a riqueza das nações e dos indivíduos se mede pelos valores materiais arrecadados e acumulados.
Quando os méritos da democracia representativa são postos em causa por poderem legalizar situações pouco democráticas, subordinando interesses legítimos à excitação dos populismos ou por desbancarem na perseguição ilegítima dos indivíduos por parte daqueles que são donos e senhores de informação pessoal, o capitalismo, enquanto sistema propulsor do crescimento económico medido em cifras transaccionáveis poderá ter que rever também alguns dos seus fundamentos mais emblemáticos.
Nomeadamente, a relação supostamente sempre virtuosa entre a produtividade e o crescimento económico para o crescimento do consumo ( não faria sentido algum o crescimento, nos termos em que tem sido considerado até agora, se não for dirigido ao consumo ou ao desfrute ) não consentirá, se o paradigma se alterar, que o emprego cresça em função do crescimento de maior riqueza material.
Reforça-se, deste modo, o argumento daqueles que têm alertado para a redução do emprego em consequência dos crescentes aumentos de produtividade acelerados pela globalização, opondo-se aos que, muito maioritariamente, defendem que os crescimentos da produtividade têm até agora induzido sempre crescimento dos níveis de emprego global.
Afinal a restrição ao crescimento dos consumos imposta pela duração do dia, igual para todos, implicando a redução do emprego na razão inversa do aumento da produtividade, encontra nesta teoria fundada em GWB (“general well-being”) , em oposição ao tradicional GDP, uma reforço notável. E o reforço mais decisivo decorre da resposta à questão: Que crescimento de felicidade, afinal, está subjacente ao crescimento para consumo que excede as nossas necessidades razoáveis?
As necessidades razoáveis dependem naturalmente da escala de valores que cada qual adoptará na sua medida. A mudança de paradigma na análise económica é, todavia, importante para a reavaliação individual dessa escala de valores.
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