A Democracia, já se sabe, não é um sistema perfeito. Mas funciona razoavelmente bem. Apesar das reticências que possa merecer o voto universal, nomeadamente se aproveitado por excitações populistas, a democracia tem provado ao longo das últimas duas centenas de anos que é sob ela que se reúnem as condições que melhor favorecem os valores que dignificam a condição humana.
Os EUA são, seguramente, o maior laboratório de experimentação da democracia moderna, pelo tempo, pela extensão, pelo sucesso, e pela frequência a que se habitou pôr-se à prova.
Contrapõem, frequentemente, os que não vêm nas eleições norte-americanas a vitalidade da democracia que é o suporte fundamental do seu crescimento, que a população eleitora dos EUA desvaloriza o valor do voto com níveis de abstenção geralmente elevados.
O que tem uma explicação, entre outras: Tendo a maior longevidade entre as democracias modernas, a democracia nos EUA não tem ansiedades quanto à sua perenidade e aceitação sem reservas significativas. É uma velha senhora que dispensa a ostentação de pergaminhos.
Nos EUA as datas de realização das eleições presidenciais encontram-se fixadas e essa fixação, logo desde início, arredou a hipótese da utilização do sábado ou do domingo, dias geralmente escolhidos para avaliar o voto em outras democracias, talvez menos certas da sua estabilidade, por serem esses os dias em que o eleitorado dispõe de mais tempo para votar. Nos EUA, não: o voto é um dever a cujo exercício não são concedidas facilidades.
Estudos realizados nesse sentido têm concluído, repetidamente, que os que não votam, se votassem, votariam segundo o padrão votado.
A abstenção, por outro lado, não decorre de menor envolvimento de todos os meios de comunicação social ou de qualquer estabelecimento de tréguas entre os actos eleitorais que, a nível de todos os estados da União se realizam de dois em dois anos: para a presidência do estado de quatro em quatro anos, coincidindo com a votação para a eleição parcial das duas Câmaras do Congresso (deputados e senadores), e, a intercalar com este ciclo, num outro ciclo de quatro anos, para outra eleição parcial para o Congresso. Este ano disputaram-se as eleições para o Congresso determinando uma maioria dos Democratas nas duas Câmaras que, inevitavelmente, imporá à política de Bush alguns constrangimentos.
Daqui a dois anos haverá novamente eleições presidenciais, e o caroussel começa a dar os primeiros sintomas de arranque, perfilando-se, desde já como mais prováveis competidores nas primárias do partido Democrata a senadora Hillary Clinton e o senador Barack Obama.
Estará a democracia norte-americana preparada para eleger, em 2008, uma mulher ou um negro?
Ou uma negra, já que do lado Republicano a actual Secretária de Estado tem sido avançada como hipótese, ainda que seja Rudy Giuliani, o mayor de Nova Iorque em 9/11, se apresente como mais bem posicinado na grelha de partida.
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