O Público noticiava e comentava, há dias, os valores que alguns quadros de arte moderna têm vindo crescentemente a atingir nos tempos mais recentes e, nomeadamente, nos últimos leilões da Christie´s e da Sotheby´s. Apenas numa noite a Christie´s facturou o valor mais elevado de sempre: 384 milhões de dólares em 78 lotes. A Sotheby´s, por seu lado, realizou o leilão mais vultuoso dos últimos 16 anos.
Jackson Pollock, Mark Rothko e Willem de Kooning, entre outros, vêm os seus trabalhos valorizados por preços que eles nunca imaginariam, e que chegam a superar o preço de um Boeing, admirava-se o comentador do P'ublico.
Para um ultra-liberal estas são boas notícias do funcionamento dos mercados. Os preços atingidos são a resultante transparente das leis da oferta e da procura nesta actividade de transacções de obras de arte. Ninguém é coagido a vender por menos ou a comprar por mais. Não há distorções de concorrência em monopólio. Não há assimetria de informação. O mercado da arte é, por conseguinte, o exemplo mais acabado de um mercado livre de qualquer entorse.
E no entanto, a notícia acrescenta que são russos, chineses, árabes, entre outros novos ricos, as novas vedetas dos leilões. O dinheiro que transborda desta gente tem geralmente cheiros específicos.
Mas não é de cheiros de dinheiro que trata o ultra liberalismo, já se sabe.
E muito menos deste cheiros, claro.
Também não cuidam os ultraliberais de saber que a exponencial de crescimento dos preços da arte contemporânea correlaciona-se com outra, de perfil parecido, correspondente ao enriquecimento acelerado de uns quantos e é, na razão inversa, reflexo do depauperamento crescente de muitos.
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