Caríssimo António,,
As declarações do sr. António Costa acerca do aumento do défice em consequência do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução são sensivelmente demagogicamente equivalentes às do sr. Passos Coelho quando este garante que os juros pagos pelos bancos ao Fundo de Resolução são uma oportunidade para reequilibrar o défice.
A verdade é que nem a operação é uma revelação meramente contabilística (um registo contabilístico revela sempre um facto influente da situação patrimonial da entidade a que se reporta) nem os juros pagos (se forem pagos!) ao Estado são um negócio a explorar.
A verdade é que, para já, os valores emprestados ao FR estão às costas dos contribuintes. Sairão de lá? Veremos.
Há uma parte que não sairá: aquela parte que a Caixa terá de suportar enquanto membro maior do FR. Aliás, a CGD, informou-nos há pouco tempo o sr. Passos Coelho, ainda não reembolsou um centavo do empréstimo que recebeu para recapitalização há três anos.
Note-se que, nessa altura, recebeu ainda um aumento de capital. Tem pago pelo menos os juros? PC não disse.
Mas, para além da Caixa, há mais membros do FR em situação vulnerável. Ou não?
Depois, afirmou sr. Fernando Ulrich há uns tempos atrás que, se as perdas com a venda do Novo Banco atingirem um montante que coloque em risco o sistema financeiro, a participação no FR (relativamente à constituição do qual os banqueiros não foram formalmente ouvidos nem achados) dos, forçados, diferentes membros é matéria que pode ser impugnada. Para além da incontável multiplicidade de impugnações que já estão ou virão a ser montadas sobre este embrulhado caso.
Tudo conjugado, receio que o abalo do BES/Novo Banco terá uma intensidade sugadora que nos entrará pelos bolsos dentro não inferior aquela que nos está sugando o BPN.
Sem que a justiça tenha, até agora, acordado da conivente dormência
que a embala.
As declarações do sr. António Costa acerca do aumento do défice em consequência do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução são sensivelmente demagogicamente equivalentes às do sr. Passos Coelho quando este garante que os juros pagos pelos bancos ao Fundo de Resolução são uma oportunidade para reequilibrar o défice.
A verdade é que nem a operação é uma revelação meramente contabilística (um registo contabilístico revela sempre um facto influente da situação patrimonial da entidade a que se reporta) nem os juros pagos (se forem pagos!) ao Estado são um negócio a explorar.
A verdade é que, para já, os valores emprestados ao FR estão às costas dos contribuintes. Sairão de lá? Veremos.
Há uma parte que não sairá: aquela parte que a Caixa terá de suportar enquanto membro maior do FR. Aliás, a CGD, informou-nos há pouco tempo o sr. Passos Coelho, ainda não reembolsou um centavo do empréstimo que recebeu para recapitalização há três anos.
Note-se que, nessa altura, recebeu ainda um aumento de capital. Tem pago pelo menos os juros? PC não disse.
Mas, para além da Caixa, há mais membros do FR em situação vulnerável. Ou não?
Depois, afirmou sr. Fernando Ulrich há uns tempos atrás que, se as perdas com a venda do Novo Banco atingirem um montante que coloque em risco o sistema financeiro, a participação no FR (relativamente à constituição do qual os banqueiros não foram formalmente ouvidos nem achados) dos, forçados, diferentes membros é matéria que pode ser impugnada. Para além da incontável multiplicidade de impugnações que já estão ou virão a ser montadas sobre este embrulhado caso.
Tudo conjugado, receio que o abalo do BES/Novo Banco terá uma intensidade sugadora que nos entrará pelos bolsos dentro não inferior aquela que nos está sugando o BPN.
Sem que a justiça tenha, até agora, acordado da conivente dormência
que a embala.
E ninguém a acorda.
2 comments:
Caríssimo e preclaríssimo Rui:
1. No que respeita ao défice, o que expliquei é claro. De modo que não sei como te valer nessa tua angústia existencial que, nem pela muita amizade que tenho para contigo, consigo compartilhar.
2. Também não me merece dúvidas o facto de as aplicações que o Estado fez nos Bancos ao abrigo do cumprimento de rácios determinados administrativamente se tornaram aplicaçºões de excelente rentabilidade para o Estado, beneficiando os contribuintes. Por isso mesmo é que a grande parte dessas aplicações já foi reembolsada e o resto, no caso dos bancos privados, sê-lo-á com toda a certeza. Quanto ao banco público, é-me indiferente que o accionista o apoie com um produto híbrido ou com capital, se desses instrumentos necessitar.
3. Quanto ao FR, ele não foi criado pelo governo, mas pelas instituições europeias.
4. Misturar as coisas e atribuir ao governo culpas pela má gestão e colapso do BES é que me parece demagogia total.
Estimado António,
Eu não tenho dúvidas, e o meu comentário não alberga o contrário, que o aumento do défice em consequência dos valores emprestados ao FR tem uma natureza completamente diversa daquela que se funda no excesso da despesa ou investimento em formação de capital. Por isso considero demagógico o aproveitamento da notícia nos termos em que o fez o sr. António Costa.
É muito obvio que se, por milagre, o Estado for reembolsado da totalidade do empréstimo, no ano em que o for o défice até pode ser francamente positivo.
Nada disto invalida, contudo, a enorme contingência que ameaça esta operação, relativamente à qual citei alguns argumentos. E a "inscrição" do seu valor no défice reflecte essa ameaça, i.e., a incapacidade de o governo (este ou o que vier) vir a cobrar, por múltiplas razões, uma parte significativa do empréstimo.
Poderia ter sido melhor de outra maneira? Não sei.
Não atribuí, nem agora nem nunca, as responsabilidades do desastre BES a este governo.Mas não comungo, antes pelo contrário, do teu optimismo quando consideras que este "negócio" proporciona excelente rentabilidade aos cofres do Estado. E não desconsidero, antes pelo contrário, os actos e omissões da Caixa neste e em outros casos em que se envolveu ou foi envolvida com os bancos privados em operações desastrosas.
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